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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

O retiro do papa em 7 chaves

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Sob a via pedagógica do carmelita Bruno Secondin, papa Francisco e seus colaboradores escolheram o profeta Elias - um homem do século IX antes de Cristo - como referência inspiradora da vocação profética na Igreja do século XXI.   Foi usado o método da L ectio Divina pra rezar e encontro de Elias com a pobre viúva do capítulo 17 do primeiro livros dos Reis. O método da leitura orante é composto de quatro partes: leitura do texto; meditação (comparando o texto com outros textos afins e comentários); oração e contemplação (contemplar a si mesmo, as pessoas, o mundo com o olhar de Deus). Quem já fez retiro sabe que não dá pra descrever, de fora, a experiência vivida nele. Podemos imaginar daqui a profundidade das reflexões, a atmosfera fraterna, o mergulho que o papa e seus companheiros fizeram no mistério da vida, do divino e da missão. Daquilo que foi publicado pela imprensa vaticana, extraio abaixo 7 chaves provocadas pelo orientador do retiro. 1. 

Na atual sociedade-rede, que Igreja serve

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De um dado, muita gente já tem convicção: não nos serve mais a “Igreja perfeita” de outrora, blindada do mundo e acima dele, fechada em si mesma, sacramentalista, petrificada em suas normas, dogmas e doutrinas.  A revolução digital, principal mentora da sociedade-rede emergente, está gestando um ser humano novo, radicalmente novo e, portanto, pede instituições novas, uma Igreja nova.  Aquela Igreja com hierarquia sólida, de alto a baixo, com poderes sacralizados e inquestionáveis, cede espaço para uma “Igreja imperfeita”, evangélica, acidentada, humanizante, samaritana, interativa, despojada, não mais dona da salvação, menos autoritária, etc.  Abaixo, descrevo parte da minha conversa no encerramento da assembleia pastoral da paróquia de São João, em Mossoró, domingo passado. Além da encíclica do papa Francisco, tomei como referência algumas reflexões da revista “Vida Pastoral” publicada bimestralmente pela Paulus. Que Igreja queremos? Partindo de um texto de Nicolau Joã

Em gestação, um novo indivíduo, uma nova civilização

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Entramos numa nova sociedade, com modelo organizacional e com paradigmas mentais e estruturais radicalmente diferentes, de todas as que existiram até hoje na história da humanidade. Modernidade líquida é o nome dado por Bauman, um filósofo polonês, para descrever a realidade atual. Nesta nova sociedade fluida, mutante, sem forma, instável, o filósofo  faz uma crítica ao indivíduo, quando ele passa de sujeito a objeto de consumo. O encanto do mercado o domina, ele perde o controle diante da magia propagada pelas fantasias do mundo consumista. Saindo da condição de sujeito,  o ser humano torna-se facilmente manipulável, no fluxo da sociedade em constante metamorfose.  Se a sociedade é flutuante, os relacionamentos também entram no ritmo, as escolhas aumentam e o compromisso da estabilidade na relação já quase não existe. O “outro” na relação é útil até o momento que dá satisfação e prazer. O ser humano vira objeto descartável, quando não agrada mais, joga fora, sem tá nem aí c

O chapéu de papai e o meu celular: o que tem a ver?

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Próximo mês, papai está indo de avião para a formatura de um dos seus filhos em São Paulo e aí lembrei do seu chapéu. "Pai, o senhor vai usar o chapéu dentro do avião"? Rapidinho, num tom de defesa, responde: "por que não? E non cabe um chapéu dentro do avião?"  Ingenuamente perguntei porque via o chapéu de papai com uma finalidade: usar para se proteger do sol. Para papai, todavia, proteger-se do sol é secundário. O chapéu, na verdade, tornou-se mais do que uma proteção solar, é algo que o identifica, é uma extensão do seu corpo, como afirmava Mcluhan, o filósofo da comunicação do século XX. Diferente da formiga, do gato, do leão e de qualquer outro animal, o homem para sobreviver depende de tecnologias. A técnica não faz parte da genética humana, mas o acompanha desde a sua gestação. Para o animal, o instinto é suficiente.   Invés, o homem, por sofrer de carência instintiva de um lado e ser dotado de razão por outro, recorre conscientemente às tecn

Férias na roça com as mídias digitais: o que muda?

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No barulho da cidade, corro o risco de passar despercebida a minha adesão (quase por osmose) ao ambiente das novas tecnologias.  Invés, daqui, do silêncio da rosa, sentado na calçada da casa onde nasci e me criei, contemplando a beleza da serra,  o sol que se põe,  o cachorro que late, o berro do bezerro, mamãe que canta enquanto varre o terreiro, começo a pensar e questionar sobre o que a técnica significa na minha vida. É fato. A minha vida antes da imersão nas tecnologias digitais era uma; a minha vida dentro do ambiente digital é outra, totalmente outra.  Pouco tenho estudado sobre os efeitos das tecnologias na minha vida. Já andei pesquisando sobre o impacto das mídias sociais nas agências de jornalismo, na educação, enfim, o que está mudando na sociedade com a expansão das tecnologias digitais.  E na minha vida? E nos meus estudos? E na minha missão? A imersão nas tecnologias aumentou ou diminuiu a minha qualidade de vida? De cara diria qu