Postagens

Mostrando postagens de abril, 2015

Tecnológico assim, só sendo um ser humano mesmo

Imagem
Narciso não se apaixonou nem pelo seu “eu maior”, nem pela sua personalidade, mas apenas pela beleza exterior do corpo dele. Por isso, morreu com o nariz colado no seu autorreflexo. É algo semelhante que acontece com o encanto das mídias digitais. Aliás, isso ocorre toda vez que o ser humano desbrava uma nova tecnologia. Fica tão fascinado, colado nela, que não consegue equilibrar-se ou integrá-la na sua vida, de forma harmônica, por um bocado de tempo.  Para McLuhan, não interessa se o homem faz uso correto, ou não, das tecnologias. Por isso, ele usa a outra interpretação de Narciso, aquela em que ele se apaixona pela sua proibida Ninfa Eco: como Narciso tinha sido proibido por sua mãe de se olhar no espelho, certa vez, enquanto passava, ao lado de um lago, viu sua própria imagem na água e foi amor à primeira vista - logo começou a enamorar-se desse reflexo, com este dialogando, uma vez que pensou ter-se deparado com sua Ninfa Eco. Quando McLuhan compara os apaixonados por t

Verdadeiro pra quem? Belo para quem?

Imagem
"É absurdo imaginar que um instrumento que aumenta os poderes da linguagem em geral pudesse favorecer somente a verdade, o bem e o belo. É preciso sempre perguntar: verdadeiro pra quem? Belo para quem? Bem para quem? O verdadeiro vem do diálogo aberto aos diversos pontos de vista. Direi até mais do que isso: se tentássemos transformar a internet numa máquina de produzir somente a verdade, o belo e o bem, só chegaríamos a um projeto totalitário, de resto, sempre fadado ao fracasso". O pensamento acima vem do filósofo da cultura digital Pierre Levy numa entrevista feita há poucos dias ao jornal Correio do Povo. Ele traça um raio-x do que vem acontecendo na sociedade desde que a Internet passou a fazer parte da vida do povo. Estamos no " começo do fim do monopólio intelectual dos jornalistas, dos editores, dos políticos e dos professores. Um novo equilíbrio ainda não foi alcançado, mas o velho sistema dominante está em franca erosão". Abaixo a entrevista na íntegr

Por que um meio de comunicação quente é frio? McLuhan explica.

Imagem
Para início de leitura, frisamos que pode haver uma inversão quanto à compreensão dos conceitos “quente” e “frio”. Na percepção do Senso Comum, um meio quente é aquele que requer mais feedback, mais interação. Uma música, por exemplo, é quente, ao proporcionar mais movimento, exigindo do dançarino, mais agitação. Já um meio frio ocorre de forma inversa: a pessoa não participa, não se envolve. Pode dá-se, também, em uma comunicação linear, de cima para baixo.  De acordo com McLuhan, um meio é quente, ao apresentar alta definição, processando a mensagem de forma completa, sem haver necessidade de nenhum esforço por parte do usuário. A título de ilustração, podemos perceber que uma fotografia de alta definição se torna perfeita, visto que processa o maior número de dados, enquanto que um desenho, ou uma caricatura de baixa definição, fornece pouca informação, carecendo, assim, de uma atenção dobrada da pessoa que visualiza um ou outra. Sobre os meios quentes e frios, McLuhan ressalt

O que afeta mais: o meio ou o conteúdo?

Imagem
O livro de McLuhan (Os meios de comunicação como extensões do homem) está dividido em duas partes. Na primeira , o autor desenvolve alguns conceitos , como "O meio é a mensagem", "meios frios e quentes" dentre outros; na segunda parte , enumera vários meios que o ser humano usa como extensões do corpo físico e mental.  Irei passear dentro dessas duas partes. Maior do que a pressa para comentar todo o livro, é o desejo de conhecer , minuciosamente , cada novidade, cada mídia explorada pelo autor. McLuhan interpretou , já na década de sessenta , um tempo em que nem sequer mouse existia, nem muito menos redes de computadores abertas ao público, o sentimento angustiante de qualquer pessoa que busca estudar o atual universo da comunicação digital. Assim, o primeiro capítulo aborda o seu mais famoso e polêmico pensamento  "o meio é a mensagem" . Isso significa dizer que "as consequências sociais e pessoais de qualquer meio - ou seja, de q

As tecnologias são extensões do corpo humano

Imagem
Se a leitura de um simples livro pode influenciar , radicalmente , sua percepção sobre determinada realidade, imagine o que pode afetar , na sociedade , a chegada de uma nova mídia. Passei muitos anos  na universidade , estudando teóricos da comunicação, mas nenhum deles me convenceu  tanto quanto o canadense Marshall McLuhan. A conversão foi lenta, aconteceu somente agora , depois que realmente o conheci, através de alguns dos seus livros. O ponto alto da adesão   deu-se depois que mastiguei a sua obra principal: Os meios de comunicação como extensões do homem (Understanding media). Reconheço minha limitação na literatura inglesa, oxalá , um dia , chego lá. Digo isso porque , para conhecer bem o pensamento macluhanista , é preciso dominar bem a sua língua mãe. Faz-se necessário um mergulho  no tempo e no espaço cultural vivido e pesquisado por McLuhan. Ele foi um filósofo humanista, católico, pai de seis filhos. Foi um professor amante da literatura inglesa e conhecido

Escola de Toronto - casamento agendado

Imagem
Marshall McLuhan - o profeta da era digital Quando se tem o intuito de analisar qualquer objeto ou área de estudo, é fundamental ancorar-se em alguma corrente de pensamento , para não ficar nadando à toa , no mar de filosofias e teorias presentes no ambiente acadêmico. Nesse sentido, n o campo da comunicação , há várias escolas, de forma que cada uma segue uma tendência bem como uma filosofia e   a sua devida importância. Durante o período em que estudei na universidade, pesquisei vários teóricos e fiquei mais ancorado na E scola de C omunicaçãode Frankfurt , que , em geral, busca fazer uma análise crítica dos meios de comunicação de massa.  Porém, foi com a Escola de Toronto que me identifiquei , pelo fato de perceber , nela , uma resposta mais aproximada aos fenômenos sociais que emergem com a expansão das mídias sociais digitais. A minha adesão ao pensamento da Escola de Toronto se deve, em primeiro lugar, à lógica usada nos argumentos sobre os efeitos d

Nota aos leitores do blog "Comunicar é preciso"

Imagem
Para não estranhar tanto, antecipo escrevendo essa nota. Este blog que até agora servia para escrever textos ligados a eventos ou ideias diversas sobre a realidade política, eclesial, cultural e familiar, agora passa a ter um foco exclusivo: meus devaneios, reflexões, percepções ligados ao meu campo de pesquisa, isto é, o estudo sobre as influências, causas e efeitos das novas mídias na vida da gente, sobretudo, o impacto da cultura digital na sociedade e na Igreja, em particular. Desde 2008 venho estudando e pesquisando sobre os efeitos da Internet na minha vida e na vida da sociedade. A percepção do mundo mudou com a chegada da internet na minha vida. O Talvacy da era do rádio, quando vivia na casa dos pais, no sítio Bartolomeu, pouco tem a ver com o Talvacy da era do Twitter, do Instagram, do Facebook, enfim, da cultural digital. Vivo 24 horas na rede. Até pra dormir busco nela algum fundo musical, alguma rádio web, às vezes, algum conteúdo sonoro ligado ao meu campo de

A revolução da escrita na Grécia e a revolução digital hoje

Imagem
Se queremos entender as mudanças culturais na sociedade com a chegada de novas tecnologias, precisamos, antes de tudo, descolar o nariz da parede e fazer um passeio demorado em eras bem distantes.  Quanto mais viajarmos na história das tecnologias disruptivas, melhor perceberemos e viveremos nos novos ambientes culturais criados com a chegada de novas mídias na sociedade.  Há uma corrente de pensadores  no campo da comunicação, conhecida como Escola de Toronto, formada por filósofos, filólogos, sociólogos, antropólogos, entre outros, que estuda o impacto causado na cultura com a chegada de uma nova mídia. Eric Havelock, um britânico que passou quase toda a sua vida no Canadá e Estados Unidos, é um dos pioneiros da Escola de Toronto (muitos preferem chamá-la de escola canadense de comunicação). A tese principal defendida por Havelock afirmava que: a chegada de uma nova mídia (da revolução da escrita com o alfabeto grego, por exemplo) provoca uma profunda mudança cultural, causa