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Mostrando postagens de novembro, 2011

Um pedaço escuro da minha infância

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8 anos de padre. No dia 22 de novembro de 2003, fui ordenado na praça da Igreja de São Miguel. Milhares de paroquianos, amigos e familiares ouviram o meu “sim”. Não me arrependo da escolha feita. Com a Graça de Deus, continuo firme no meu ministério, embora essa firmeza não elimine as incertezas e questionamentos que acompanham a minha vocação. Aliás, questionar-me sobre quem sou, o que faço e muitas outras coisas fazem parte do meu cardápio diário. Considero tudo isso uma oração fundamental para o amadurecimento humano e espiritual. Ontem, 22, um dia normal: missa na comunidade, almoço, bate-papo com alguns amigos na faculdade, uma visita à oculista pra ver como estão os olhos. Tudo tranquilo. É cultural, no dia de aniversário, recordar os momentos bons que marcaram a nossa vida, fazer festas, etc. Sempre fiz isso. Mas, desta vez, quebro a tradição. Gostaria de recordar um curto período dentro da minha caminhada vocacional, que me marcou com tristes recordações, muitas delas, ai

Em que mundo você quer viver?

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Escrito por Paula Ariadna (na foto com sua mãe), minha sobrinha, de apenas 12 anos de idade. Essa é a pergunta que vem ao caso, a pergunta que cala a boca e a mente de muitas pessoas. Em que mundo você quer viver? Num mundo onde violência gera violência e que as pessoas mais ignorantes e perversas são as que saem vitoriosas neste jogo de mundo? Em que mundo você quer viver? Num mundo onde a falta de sensibilidade e de alma é o que nos rodeia e o que nos consome? Em que mundo você quer viver? Onde as pessoas se deixam levar pela ganância e pela falta de respeito ao próximo e principalmente ao nosso MUNDO ? Essa pergunta me vem a mente a toda hora. E me pergunto em que mundo você, eu e todos nós queremos viver. A falta de humanidade e de sensibilidad e consomem as pessoas de hoje, a ganância e os desrespeitos, a ignorância e a perversidade. Podemos tomar como exemplo com excesso de insensibilidade humana, os impactos ambientais! O que é isso?! O meio ambiente de hoje vem so

Morte, amor e saudade

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Hoje, dia que recordamos os mortos, a nossa mente e espírito se enchem de dores, saudades, dúvidas. Embora, pela fé, eu acredite na ressurreição, o dia de finados parece uma noite sem lua, escuro, um dia de um verdadeiro bombardeio de questionamentos a respeito dos mistérios que que fazem parte da nossa vida. O doutor em teologia pela Gregoriana de Roma, Frei Luis Carlos Susin, responde algumas perguntas que, talvez, sejam as mesmas que nos inquietam no dia-a-dia. Extraí algumas delas que ele respondeu à revista "Humanitas Unisinos" . O que é a morte do ponto de vista cristão e espírita? Luiz Carlos Susin – A morte é, biologicamente, o término de uma vida, mas, humanamente, é um final dramático que clama interpretação: nela eu não perco o que eu tenho simplesmente, eu perco a mim mesmo, o meu ser vivo. As tradições religiosas provam a sua vitalidade justamente no sentido que encontram para a morte. A tradição cristã se fundamenta na Páscoa de Jesus e nos escritos

Levaram minha irmãzinha pro cemitério, dentro de uma telha

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Talvez eu tivesse quatro ou cinco anos de idade, quando levaram minha irmãzinha de um ano pra enterrar, no cemitério do Venha Ver, distante uma légua. Pra mim tou vendo, o rostinho pálido e sereno da anjinha, os olhos semiabertos, minutos antes do último adeus. O corpinho dela em cima da mesa, deitada dentro de uma telha, na sala, do lado da janela, vestida com uma batinazinha branca, arrodeada de flores, aquelas bem cheirosas, lá do terreiro de vovô, conhecidas como “as fulô do casado São José”. Na sala, um silêncio profundo, escutava somente o soluço de mamãe chorando. Na calçada, estava tio Davi, vovô e Luis de Ana, prontos pra ajudar papai à levar minha irmãzinha pro cemitério. Mamãe se aproxima do anjinho, dá um beijo e cai no choro. Papai a consola, depois se aproxima da mesa, arruma sua filhinha bem direitinha dentro da telha, leva-a até a calçada, e, a passos lentos, sai em direção ao cemitério. Eu, mamãe, minha irmã Evanda, meu irmão Gilvany, vovó e Ana de Luis ficam