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Mostrando postagens de abril, 2020

Em tempos de pandemia, a Ética é a primeira vítima

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Antes de tudo, ninguém sabe quem tem que viver e quem tem que morrer. É antiético e inaceitável aderir à hipótese de qualquer gestor público negacionista que, no discurso de salvar a economia, relativiza o distanciamento social para infectar rapidamente o maior número de pessoas que, em outras palavras, significa dizer: deixemos morrer as pessoas que não tenham anticorpos suficientes para encarar o vírus e que sobrevivam os que tiverem alta imunidade no contágio pela doença. Não sou médico e nem agente da área de saúde. Eles têm um código deontológico que os protegem e guiam suas condutas, sobretudo em situação de escassez.  Todavia, independente se é da área de saúde ou não, há questões éticas que tocam os limites do nosso agir. A ética não é neutra, cada pessoa tem uma opinião diferente sobre ela. Na hierarquia dos valores, cada um constrói a sua conduta ética a partir da "bolha" social e cultural em que vive. Por exemplo, cientistas, médicos e agentes de saúde

Como e quando voltaremos a uma vida normal?

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Ninguém está de fora. A humanidade inteira está nua diante dele. Apesar de já ter lido nas mídias sociais, sinceramente, não acredito que alguém de sã consciência consiga afirmar que tudo está bem, que a pandemia nada mudou na sua vida e que continua trabalhando e vivendo normalmente como antes. Em maior ou menor intensidade, todos nós estamos com a taxa de angústia, de nervosismo, de incerteza, bem acima do normal. Muitos pais e avós estão trancados em suas casas, impossibilitados de receber o abraço de seus familiares, de receber visitas ou de visitar seus filhos, netos, vizinhos ou pessoas dos seus ciclos afetivos.  Há aquelas pessoas que perderam o emprego e não sabem se voltarão a recuperá-lo; há aquelas que viram seus negócios sendo fragilizados ou eliminados bruscamente; aquelas que planejavam colocar seus projetos em prática neste ano de 2020 e, de repente, tudo foi diluído ou adiado. Mais grave ainda, aquelas pessoas que perderam entes queridos ou que, pessoalmente,

#Coronavírus: Tecnologia, tem. Governança, não!

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Boa noite Fernando Magalhães e ouvintes do 60 minutos. Hoje, comento uma recente fala que o historiador e filósofo israelense, Yuval Harari, fez sobre o antagonismo existente entre o avanço tecno-científico no combate ao coronavírus e a falta de sabedoria e de cooperação global dos países.   Diferente das pandemias do passado, hoje temos, pela primeira na história, tecnologias de ponta para desmitificar as causas e as consequências da Covid-19, além de aparatos científicos para saber os mecanismos necessários para se prevenir contra o contágio do Coronavírus. Durante o longo período da Peste Negra, um vírus que matou um terço da humanidade, a ignorância foi a grande aceleradora da pandemia. Segundo Harari, milhões de pessoas morriam e não sabiam porque as pessoas estavam morrendo e nem sabiam o que poderiam fazer para acabar com a doença. Nem na Peste Negra do século XIV e nem na Gripe Espanhola de 1918, a ciência foi capaz de descobrir as causas da velocidade e do alto

Sem ela, você pode ser vítima e/ou assassino

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Eu e você sem máscaras no supermercado, na igreja ou em qualquer outro espaço social, viramos seres potencialmente perigosos. Foi esse o meu sentimento, hoje, pela manhã, quando fui ao supermercado. Tinha medo de todos que se aproximavam de mim sem máscaras. Consciente ou não, podemos ser assassinos, transmissores da Covid-19 ou vítimas, assassinados por quem se aproxima de nós, infectados pelo vírus.   Diante desse dilema, ao sairmos de casa, a forma mais humana e segura de reduzirmos o sentimento de vítimas e culpados é aderirmos voluntariamente ao uso correto da máscara. E aqui entra o papel da informação científica e da conscientização massiva da população. Isso é fundamental porque ainda vemos diferentes comportamentos diante das normas sanitárias. Há quem ainda resiste ao isolamento social, e mais ainda, ao uso de máscaras. Cada grupo, cada família, cada pessoa, tem uma percepção diferente da atual crise pandêmica. E aqui talvez mereceria, futuramente, um estud

O Corona muda a forma como habitamos no ambiente digital

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O verbo "habitar" pode soar pesado para uns e surreal para outros. Porém, para a maioria da população brasileira, as mídias digitais se tornaram parte essencial do habitat humano. Muitos de nós gastamos mais tempo nas conversas online do que nas conversas offline. Isso se solidifica mais ainda em tempos de isolamento social, quando somos obrigados a substituir o natural bate-papo que rolava na praça da faculdade, no barzinho, no clube, na igreja ou deitado na rede da varanda do vizinho, por aquele bate-papo online, através das plataformas de mídias sociais. Se você acha que isso não é fato, pergunto-lhe: hoje, você já interagiu com alguém no seu WhatsApp? O rádio não me oferece um retorno em tempo real para ver a sua resposta, mas, seguramente, a maioria absoluta responderia que sim. E quem entrou no zap, não se contentou em interagir apenas com uma ou duas pessoas. Além da comunicação pessoal online, o zap e outras mídias oferecem a possibilidade da interação grupal,

Páscoa de Serenidade, Solidariedade e Esperança

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Hoje, neste espaço reservado ao comentário do jornal “60 minutos”, quero levar a minha mensagem de Feliz Páscoa a todos os paroquianos de Nossa Senhora da Conceição e São João Batista e a todos os nossos ouvintes da Rádio Vale do Apodi. Com a quarentena do coronavírus, esta páscoa é atípica. A última vez que a humanidade viveu algo parecido foi a mais de 100 anos, com a pandemia da gripe espanhola no ano de 1918. Por isso, neste período pascal, que começou ontem e se estende por 50 dias, gostaria de desejar a você três presentes: Serenidade, Sabedoria e Esperança. Serenidade para aceitarmos aquilo que não podemos mudar. Portanto, assumirmos a nossa impotência diante do poder de um vírus pandêmico. O desespero, o pânico, o medo e a incerteza do que será nossa vida, nosso emprego, nossos projetos nos próximos meses podem nos paralisar, nos atrofiar, podem causar outros males psicológicos, como a ansiedade e a depressão. Diante de um quadro obscuro assim, o dom da serenida

Adaptação Digital ou Morte

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Hoje, comento o atual contexto da pandemia, partindo de um pensamento do escritor e filósofo americano Peter Drucker. Dizia ele: “o maior perigo em tempos de turbulência, não é a turbulência em si, mas agir com a lógica do passado”. Na lógica darwiniana, quem sobrevive não é o mais forte ou o mais inteligente, mas o que tem mais capacidade de adaptação. A pessoa ou a instituição que não se adaptar ao novo modelo de trabalho na era digital, não vai sobreviver a médio e longo prazo, independente do seu porte ou da sua inteligência. Com o mundo hiperconectado, a proliferação do acesso ao conhecimento digital é mais rápida que a pandemia vigente. A maioria das pessoas infectadas pela covid-19 nem sente que têm o vírus, porém, a informação digital, que expande o nosso conhecimento, chega a quase 100% das pessoas, com uma capacidade de disseminar pânico, muito maior que aquele causado pelo coronavírus. Embora a realidade digital esteja já entre nós desde o século passado, com

Somos presas acuadas por um único predador

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A humanidade vive uma turbulência pandêmica. Os quase 8 bilhões de presas, isoladas em suas casas, estão sendo ameaçadas pelo mesmo predador, conhecido pelo nome de Covid-19. Este predador não faz acepção de pessoas, não é preconceituoso, xenófobo, racista, homofóbico. Ser pobre ou rico, crente ou ateu, do Sul ou do Norte, nada importa. Com isso, a grande lição que esse predador nos deixa é a de que, sobre esta terra, ou nos salvaremos todos juntos ou nos pereceremos juntos. Se toda humanidade é uma presa ameaçada por um predador que não faz acepção de continente, de país ou de classe social, cabe a esta humanidade abraçar como projeto de vida o espírito de solidariedade e cooperação global em torno das grandes ameaças pandêmicas que colocam em risco o futuro do nosso planeta. Para o filósofo e historiador israelense Yuval Harari, o que estamos vendo ao redor do mundo neste momento não é um desastre natural inevitável, mas um fracasso humano. Diz ele: “Governos irresponsávei

Frutos Colaterais da Quarentena

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Boa noite Fernando Magalhães e ouvintes do 60 minutos. Comento hoje alguns benefícios colaterais que a quarentena deixará para a sociedade da era digital. A princípio, focando meu campo de estudo, visualizo dois frutos: primeiro, a quarentena está triturando a ignorância de muitos chefes e líderes de instituições e negócios sobre a relevância das tecnologias digitais para o melhor funcionamento de suas atividades e negócios e, segundo, ela também está sendo um excelente remédio para diminuir a taxa de intoxicação de “egos” infantis frente à emergente cultura digital. Os frutos serão transversais, vão ser colhidos em todos os setores da sociedade. Hoje, introduzo diagnosticando em duas áreas: na religião e na educação. Na religião, muitos padres e pastores que até poucos dias atrás demonizavam a internet em geral e, especificamente, relativizavam as mídias digitais, afirmando que não tinham perfis nas redes digitais porque elas são inúteis, não agregam valores nos seus cu