Frutos Colaterais da Quarentena

Boa noite Fernando Magalhães e ouvintes do 60 minutos. Comento hoje alguns benefícios colaterais que a quarentena deixará para a sociedade da era digital.

A princípio, focando meu campo de estudo, visualizo dois frutos: primeiro, a quarentena está triturando a ignorância de muitos chefes e líderes de instituições e negócios sobre a relevância das tecnologias digitais para o melhor funcionamento de suas atividades e negócios e, segundo, ela também está sendo um excelente remédio para diminuir a taxa de intoxicação de “egos” infantis frente à emergente cultura digital.

Os frutos serão transversais, vão ser colhidos em todos os setores da sociedade. Hoje, introduzo diagnosticando em duas áreas: na religião e na educação.

Na religião, muitos padres e pastores que até poucos dias atrás demonizavam a internet em geral e, especificamente, relativizavam as mídias digitais, afirmando que não tinham perfis nas redes digitais porque elas são inúteis, não agregam valores nos seus cultos e liturgias. Com a quarentena da Covid-19, esses mesmos que ignoravam as redes sociais, estão fazendo “live” no Facebook, Instagram, WhatsApp, para continuar evangelizando e levando suas mensagens de esperança e fé, nesse período em que as autoridades sanitárias proíbem que as igrejas realizem suas assembleias celebrativas.

Vejo muitos religiosos idosos (padres e pastores) que estão estreando as redes digitais, cada um fazendo do seu modo. Entre estes, têm aqueles que são obrigados a evangelizar nas redes sociais, porque vem dos seus superiores a recomendação de continuar alimentando a espiritualidade dos seus fiéis, por meio de liturgias celebrativas online.

Na educação, algo semelhante acontece. Antes da quarentena da Covid-19, muitos professores nunca tinham participado de videoconferências no Hangouts do Google ou reuniões e aulas no Zoom, Skype, entre outras plataformas digitais. Tinham e ainda têm aqueles professores que relativizam o poder do acesso ao conhecimento pela internet, continuam se achando os únicos sacerdotes do saber. Têm até aqueles professores que insistem em proibir os alunos de usar tablets e laptops em sala de aula. O fato é que havia e ainda há uma orquestra de sindicatos de professores e diretores de escolas e universidades ignorando a aprendizagem híbrida, aquela simultaneamente online e off-line.

Com a quarentena, os diretores e professores que antes relativizavam o ensino à distância (EaD), agora estão sendo desafiados pelos seus superiores a continuar presentes em sala de aula com os seus estudantes, porém, desta vez, em aulas online, através das plataformas digitais.

Visualizo, portanto, após a atual crise pandêmica, uma aceleração exponencial da cultura digital em todos os setores da sociedade. Talvacy Chaves para o 60 minutos.

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