O Corona muda a forma como habitamos no ambiente digital

O verbo "habitar" pode soar pesado para uns e surreal para outros. Porém, para a maioria da população brasileira, as mídias digitais se tornaram parte essencial do habitat humano. Muitos de nós gastamos mais tempo nas conversas online do que nas conversas offline. Isso se solidifica mais ainda em tempos de isolamento social, quando somos obrigados a substituir o natural bate-papo que rolava na praça da faculdade, no barzinho, no clube, na igreja ou deitado na rede da varanda do vizinho, por aquele bate-papo online, através das plataformas de mídias sociais.

Se você acha que isso não é fato, pergunto-lhe: hoje, você já interagiu com alguém no seu WhatsApp? O rádio não me oferece um retorno em tempo real para ver a sua resposta, mas, seguramente, a maioria absoluta responderia que sim. E quem entrou no zap, não se contentou em interagir apenas com uma ou duas pessoas. Além da comunicação pessoal online, o zap e outras mídias oferecem a possibilidade da interação grupal, aquela de conversar simultaneamente com muitas pessoas.

Muitos pesquisadores, que estão estudando o contexto da crise atual, dizem que o corona é uma espécie de acelerador do "óbvio", isto é, a pandemia é aquele trovão de estalo que acorda todo mundo as duas da manhã, para reafirmar a todos nós, que a internet, inventada no século passado, é o nosso habitat, é tão importante quanto o ar que respiramos. Em nossos dias, a internet é o principal motor que move as instituições públicas e privadas. Sem ela, bancos, caixas de supermercados, aeroportos, redes hospitalares, universidades, fábricas, quase nada funciona.

Com a crise atual do corona, vemos que ainda muitas instituições e personagens públicas desconhecem o poder transformador da internet na salvação de seus serviços e negócios. Do ponto de vista formativo, a crise atual acordará os que ignoravam a relevância do digital e aperfeiçoará mais ainda os negócios e serviços que já haviam abraçados a cultura digital nos seus métodos e processos.

Se o seu micro e pequeno negócio está sendo afetado com esta quarentena, mais afetado ficará se você não aplicar as estratégias da cultura digital. Começando pela aplicação das estratégias digitais no combate ao Covid-19. Os governos, a partir desta crise, investirão pesado em biossensores, a fim de monitorar em tempo real o quadro de saúde do povo do seu País, Estado e Município.

Imagine cada município monitorando 24 horas por dia a temperatura corporal, a frequência cardíaca e qualquer outra alteração no sistema de saúde de todos os munícipes, através de uma pulseira biométrica ou, mais ousado ainda, através de um micro biossensor sob a nossa pele?

China e outros países asiáticos encararam a Covid-19 com mais velocidade e praticidade, graças ao monitoramento digital dos cidadãos. Se hoje, tivéssemos o poder de rastrear o quadro clínico da nossa própria saúde 24 horas por dia, poderíamos discernir não apenas quando nos tornamos um risco para a saúde de outras pessoas, mas também quais hábitos contribuem ou ameaçam a nossa própria saúde.

Embora consciente dos problemas éticos ligados sobretudo à invasão da nossa privacidade, visualizo num futuro próximo uma adesão estratégica e sustentável ao mundo dos algoritmos, por parte de todas as instituições públicas e privadas. O coronavírus, portanto, veio apenas acelerar e provocar um choque de realidade e consciência, diante de uma cultura irreversível: aquela digital, reticular e descentralizada. Talvacy Chaves para o 60 minutos.

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