Postagens

Da Telern do Venha-Ver ao WhatsApp

Imagem
“Meu filho, boa noite, como foi seu dia? Tá tudo em paz por aí?” Geralmente, assim começa uma das mensagens mais contagiantes que recebo de minha mãe quase diariamente, via WhatsApp (zap). No final de semana vai mais além, a gente conversa em audiovisual, o tempo que temos à disposição, gratuitamente.  O zap pouco significa para quem cresceu na era digital, caracterizada pela comunicação interativa e ubíqua, por meio dos bate-papos nas mídias digitais. Para mamãe, todavia, que, até poucos anos atrás, andava quilômetros a pé na direção do telefone público (TELERN) mais próximo da sua casa, na esperança de falar com seus filhos ausentes, o zap tornou-se o meio de comunicação mais valioso da sua vida.  Pelo zap, mamãe conseguiu trazer de volta, para bem pertinho dela, todos os seus filhos que há anos vivem espalhados pelo mundo, nos seus respectivos trabalhos. O zap é um meio sagrado para mamãe porque dentro dele estão todos os seus filhos, netos, genros, noras, irmãos...

Vale do Silício: Epicentro da Revolução Digital

Imagem
Visitar o Vale do Silício, o berço da invenção das tecnologias digitais do planeta, foi a experiência mais excitante que vivi nos Estados Unidos. É no Vale, localizado na Bahia de São Francisco, Califórnia, onde se reúnem as maiores mentes inovadoras e disruptivas do mundo tecnológico dos últimos cinquenta anos.  Foi parido no Vale o meu primeiro computador que me conectou com o mundo no final do milênio. Conectado na internet, o computador pessoal provocou a maior revolução na história da comunicação humana. O mundo deixou de ser um estranho, ele veio ao nosso encontro, ficou pequeno, hoje cabe na palma da nossa mão.  O Museu da História do Computador foi uma das minhas curtidas preferidas. Gastei um dia todo viajando dentro da história secular do computador. Lá pude tocar nas primeiras tecnologias inventadas, ver e ouvir em audiovisual os inventores que inverteram a pirâmide do acesso aos meios de comunicação no final do século XX: de receptores passivos e excluídos...

Projeto de doutorado aprovado

Imagem
De outubro passado até maio deste ano, estava refinando o meu campo de pesquisa para o doutorado. O meu foco de interesse é estudar a emergente cultura digital e as suas consequências na sociedade contemporânea. Orientado pelo professor Anthony Lobo, de outubro até dezembro, fiz uma viagem ao universo de alguns autores que pesquisam a revolução digital em curso. Destacamos aqui Henri Jenkins, Nicholas Carr, Turkle, Piérre Levy, Derrick de Kerckhove e, por último, Manuel Castells. Por se tratar de um tema em ebulição, que se reformata constantemente, a sugestão do orientador foi a de que eu escolhesse um autor principal, e nele direcionasse meu foco em um dos fenômenos da revolução digital em curso. Por vários motivos, optei pelo sociólogo espanhol Manuel Castells e, dentre os seus diversos estudos sobre a sociedade na era da internet, escolhi o conceito mass self-communication (autocomunicação de massa). O conceito “autocomunicação de massa” traduz o maior fenômeno que ...

Retrospectiva 2015: o que de mais relevante levo na sacola da vida para 2016?

Imagem
Diante de tanta aprendizagem que obtive, em 2015, o que destacaria como mais importante, no último dia do ano? - Aprendi que a vida não vale a pena ser vivida, se conheço todo o mundo e não conheço a mim mesmo; que o silêncio reflexivo é a via mais segura que me leva a um encontro profundo e verdadeiro, com a essência dos mistérios que povoam a minha própria humanidade; - Aprendi que o amor desapegado requer ousadia e que o desamor é covardia. Não importa a quem amamos, onde e quando amamos, o que vale é amar, antes que seja tarde demais; - Aprendi que, na inédita era do conhecimento em rede, quando tudo está acessível a todos, ser ignorante é uma questão de escolha. Toda pessoa conectada pode pesquisar qualquer objeto ou fenômeno que interesse a ela, gratuitamente, sem sair do espaço onde se encontra; - Aprendi que vivemos em bolhas viciosas - conceitos, dogmas, opiniões, relações, crendices, etc. - e feliz quem tem a coragem de estourá-las, diariamente, a fim de se...

Por que criar um laboratório participativo de comunicação digital eclesial?

Imagem
O laboratório - formado por um grupo de estudo no Facebook, que se reune, presencialmente, duas vezes ao mês - é fruto das minhas angústias e dos meus conflitos racionais sobre o mundo digital em que vivo. Esses dilemas foram provocados, inicialmente, quando tive a oportunidade de focar parte dos meus estudos em Roma, na área de Comunicação Digital e persistem, ainda, alimentados pela boa parte do tempo que passo inserido no ambiente digital. Diante dos efeitos das mídias sociais digitais provocados na minha vida como também na sociedade em geral, comecei a perceber que não bastaria fazer uma simples adaptação das mídias digitais ao nosso convencional mundo analógico ou, simplesmente, querer fazer ajustes incrementais para conviver de forma saudável na sociedade-rede. E, como não poderia ser diferente, percebemos que a revolução digital trouxe consequências que desestabilizam e modificam, radicalmente, a convencional estrutura cognitiva, ou seja, afetam, diretamente, o no...

Uma noiva esquisita, mas é com ela que vou...

Imagem
Alguns colegas ainda continuam estranhando o meu noivado com o pensamento da Escola Canadense de Comunicação. Literalmente, transformei meu blog em um ambiente de reflexão, na área de comunicação digital, partindo sempre da corrente filosófica e teórica de McLuhan, Pierre Lévy e seus companheiros. Escolhi-a porque é, na minha percepção, a melhor Escola que estuda e explica as rupturas de mídia na sociedade e as suas consequências nas organizações e, em geral, na vida humana. Por exemplo, o que significa a chegada de uma nova mídia disruptiva na sociedade? Na História, quais foram as principais revoluções culturais ocorridas e qual a influência da mídia nessas revoluções? A Escola Canadense nos faz perceber as grandes rupturas cognitivas provocadas pelas mídias, ao longo da história humana. Antes, estudava as mídias de forma aleatória e individualizada, preso aos efeitos de cada tecnologia na atual cultura, fixado no presente, sem fazer uma analogia com as revoluções com...

Das antigas estradas de Roma às estradas digitais

Imagem
Compreendermos as estradas, as rotas marítimas e os transportes em geral como comunicação, ou meios de comunicação, é fundamental para entendermos a rede elétrica como meio de informação e, atualmente, as redes digitais, como ambientes de comunicação, interação e conhecimento. Seguindo esse raciocínio, percebemos que, antes da eletricidade, até o século XIX, a comunicação dependia, exclusivamente, de estradas, pontes, rotas marítimas, rios e canais. No entanto, o telégrafo acabou a festa: chegou para descolar a mensagem do mensageiro. Com esse sistema de comunicação, não havia mais a necessidade de ele pegar o cavalo e passar o dia, na estrada, a fim de levar a mensagem ao destinatário. E, se o receptor estivesse do outro lado do mar, o mensageiro já não precisava mais passar dias navegando, com o intuito de conduzir a informação ao seu destino específico. Agora, estando um, em uma ponta, e o outro, na outra, via telégrafo, ambos podem receber e enviar mensagens. Com a velo...