Sem autonomia ONLIFE, você não sobreviverá - #07


Por que um dos meus propósitos é ajudar as pessoas a viver com mais autonomia na era da cultura digital?

Talvez respondendo esta pergunta eu consiga clarear pra você, que ainda não sabe o motivo que me leva a pesquisar e conversar neste canal com frequência sobre “Autonomia Onlife”.

Sou filho de dois distintos mundos culturais. Do mundo pré-eletricidade, pré-internet, de autoridades e “verdades” blindadas e do mundo da eletricidade e da cultura digital.
Estou gravando essa fala daqui do sítio dos meus pais. A energia elétrica chegou aqui somente no final do milênio, precisamente, em 1998. Olhando no retrovisor, recordando os anos da minha infância, na companhia dos meus pais, irmãos, avós, tios, primos e vizinhos, visualizo um universo cultural e social bem distinto do mundo cultural e social das famílias que vivem hoje neste mesmo sítio, terra onde nasci e cresci.

E aqui explico porque muscular/robustecer a autonomia onlife é uma questão de sobrevivência nos tempos de hoje, e explico também porque não era tão necessário investir em autonomia no meu tempo de menino.
Sem internet, sem tevê, sem jornais, sem revistas, sem livros, enfim, sem energia elétrica, vivendo neste sítio de onde falo, para ser o filho ideal era muito simples e cômodo, bastaria ler na cartilha dos pais, na cartilha da professora da escola e na cartilha da catequista que nos preparava para a primeira eucaristia e para o crisma.
Na década de 80, auge da minha infância, as principais figuras responsáveis pela formação da minha personalidade - família, escola - religião - tinham papeis definidos, determinavam o que eu deveria fazer, aprender, rezar, jogar, escutar. Para essas autoridades, ser obediente às suas ordens era mil vezes mais virtuoso do que ousar desenvolver a autonomia, a autodeterminação, a autoaprendizagem, etc.
E aqui, penso, esteja o motivo principal do porquê me encanta tanto pesquisar e robustecer a nossa autonomia em todas as suas facetas. Hoje, estando aqui, no mesmo sítio onde nasci e cresci, com uma interface midiática, tecnológica e cultural radicalmente diferente da de 30 anos atrás, sou consciente de que, sem autonomia digital corremos o risco de deixar passar em vão o mundo de oportunidades que a internet oferece. Como já descrevi em uma das minhas falas, aqui, na internet, você pode emancipar a sua vida em qualquer área do seu interesse, pode aprender e ensinar, pode possuir o seu próprio canal de comunicação, propagar, vender, compartilhar seus produtos e serviços para um, 10, 50, 100 ou milhões de pessoas.
Caso faltasse com a obediência a uma dessas autoridades, era punido diretamente por elas. Por exemplo, na escola, nos primeiros anos de estudo, eu e meus colegas éramos punidos com a palmatória. Não soletrou o nome corretamente, a madeira estalava na palma da mão. Na família, caso faltasse com o respeito ou não atendesse às expectativas dos pais e avós em qualquer atividade ou mandato, pagava rapidamente com um carão ou, dependendo da gravidade da falta, com o temeroso cipó ou cinturão ou qualquer outro objeto acessível no momento.
Portanto, se hoje, aquelas autoridades não tem o mesmo significado e o mesmo controle na vida dos seus filhos, fiéis e aprendizes, resta preparar a garotada para viver com autonomia e responsabilidade em um mundo líquido, ambíguo, volátil e caótico. Como veremos no próximo vídeo, estamos entrando em um mundo não apenas VUCA, mas BANI, uma sigla inglesa que significa um mundo: frágil, ansioso, não-linear e incompreensível.

Nos tempos de hoje, sem autonomia não sobreviveremos porque aquelas autoridades, que ditavam as regras da vida no meu tempo de criança, pouco significam na vida da meninada de hoje. Naquela época, sem energia e sem internet, tudo estava sob o comando e o controle das autoridades constituídas - os pais, o professor, o padre ou a catequista. Por isso, elas eram figuras sagradas e altamente respeitadas. O saber, obrigatoriamente, passava pelas mãos de quem detinham o acesso ao conhecimento. Na escola, o professor tinha o livro das respostas, na religião, a catequista tinha o livro dos mandamentos e da doutrinação; em casa, os pais ditavam o que era bom e o que era ruim, o que devia fazer e até o que devia ser quando crescer.
@talvacy
#Gotas de #Autonomia #ONLIFE

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CONVITE - Festa de Nossa Senhora de Fátima 2014

Por que um meio de comunicação quente é frio? McLuhan explica.

Reflexão da noite de Natal - Deus com saudade da gente