30 catequeses com Carlo Acutis: o Santo da geração millennial

 

Introdução: A Busca por Autenticidade em um Mundo de Cópias

Em um mundo digital onde os feeds de redes sociais ditam tendências e a pressão para se encaixar em um padrão parece constante, muitos de nós já sentimos que estamos vivendo uma vida de "fotocópia". A busca por um propósito autêntico e uma identidade original nunca foi tão urgente. E se a resposta viesse de uma fonte surpreendente? Imagine um santo de calça jeans, tênis e apaixonado por computadores. Esse é Carlo Acutis, um jovem do nosso tempo que, em sua curta vida, deixou um legado de sabedoria profundamente moderno e desafiador. A seguir, exploramos cinco de suas lições mais impactantes e inesperadas, que oferecem um caminho para uma vida mais original e com mais significado.

1. Você nasceu original, não morra como uma fotocópia.

Esta frase, talvez a mais célebre de Carlo Acutis, vai muito além de um simples conselho motivacional; é uma profunda verdade teológica. Para Carlo, a originalidade não era uma meta a ser alcançada, mas um dom divino a ser vivido. Sua filosofia estava enraizada na convicção bíblica de que Deus tem um plano único e irrepetível para cada pessoa, um projeto sonhado desde a eternidade, como diz o profeta Jeremias: “Antes de formar-te no ventre, eu te conheci” (Jr 1,5).

“Todos nascem como originais, mas muitos morrem como fotocópias.”

Essa mensagem ressoa com uma força imensa hoje, em uma era marcada pela comparação constante nas redes sociais. Carlo nos lembra que fomos feitos “de modo tão maravilhoso”, como canta o Salmo 139, e que a verdadeira realização não está em imitar tendências passageiras, mas em abraçar a autenticidade que Deus nos deu. Morrer como uma "fotocópia" é desperdiçar o design divino que existe em cada um de nós.

2. A disciplina digital de quem só jogava videogame uma hora por semana.

Em um mundo onde os jovens passam horas imersos em jogos e telas, a disciplina de Carlo Acutis é um contraponto radical. Apesar de ser um entusiasta de computadores, programação e videogames, ele voluntariamente se impôs um limite surpreendente: jogar apenas uma hora por semana.

A sua lógica era simples e poderosa: ele via o tempo como um presente sagrado de Deus, um recurso finito que não deveria ser desperdiçado em excessos que escravizam. Para ele, cada momento tinha um propósito maior.

“...cada minuto gasto à toa é um minuto a menos para glorificar a Deus.”

Essa autodisciplina é um exemplo potente de um verdadeiro ascetismo digital — uma prática espiritual moderna que nos convida a jejuar do excesso de telas para nos banquetearmos da vida real, das relações e, acima de tudo, da presença de Deus. Mostra um equilíbrio raro entre aproveitar as ferramentas do mundo moderno sem se tornar prisioneiro delas.

3. A felicidade não está em olhar para si mesmo, mas em olhar para Deus.

Carlo possuía uma maturidade espiritual que o levava a insights profundos. Em uma cultura que frequentemente associa a felicidade ao autocuidado, à autoafirmação e a um foco constante no "eu", sua visão era o completo oposto. Ele identificava o egocentrismo como a raiz da infelicidade.

“A tristeza é olhar para si mesmo; a felicidade é olhar para Deus.”

Essa ideia é um paradoxo libertador, pois nos liberta do fardo exaustivo do constante autoexame. Mas ele vai além, oferecendo um modelo de conversão para a cultura da "auto-otimização", que nos diz para sempre adicionar mais habilidades, mais seguidores, mais conquistas. Carlo propõe o contrário:

“A conversão não é um processo de adição, mas de subtração: é preciso haver menos de mim para deixar mais espaço para Deus.”

A verdadeira alegria, segundo ele, não está em construir um "eu" maior, mas em esvaziar-se para ser preenchido por algo infinitamente maior. É uma lição que desafia diretamente o narcisismo da nossa era.

4. Ele foi o "pequeno salvador" que evangelizou a própria família.

Uma das histórias mais surpreendentes da vida de Carlo Acutis é o impacto que sua fé teve em seus próprios pais. Sua mãe, Antonia, admitiu que antes do filho nascer ela "praticamente não praticava a religião". No entanto, a curiosidade espiritual de Carlo era insaciável desde cedo, nutrida por uma babá polonesa que lhe contava histórias de santos. Foram as perguntas profundas e a devoção simples de Carlo, desde os três anos de idade, que inspiraram sua mãe a buscar os sacramentos e a aprofundar sua própria jornada de fé.

Antonia chegou a creditar a conversão dela ao filho, chamando-o carinhosamente de seu "pequeno salvador". Essa inversão de papéis, onde uma criança se torna o guia espiritual de seus pais, revela que a inspiração e a graça podem fluir em direções inesperadas, mostrando que ninguém é jovem demais para ser um farol de fé.

5. A santidade acontece de calça jeans, tênis e com um notebook na mão.

A imagem de Carlo Acutis desmistifica a ideia de que a santidade é algo distante, reservado a figuras de um passado remoto. Ele era um adolescente normal que adorava futebol, seus animais de estimação e usava seu talento com computadores para evangelizar. Sua vida prova que a busca por Deus acontece no meio da rotina comum. Como destacou um cardeal em sua beatificação:

Carlo “mostra que podemos ser santos usando calças jeans, tênis e navegando na internet, se colocarmos Deus em primeiro lugar”.

Essa visão torna a santidade acessível. No entanto, o próprio Carlo nos lembra que viver o ordinário de forma santa exige um propósito extraordinário. O meio pode ser moderno, mas a meta é eterna:

“Nossa meta deve ser o Infinito, não o finito. O Infinito é a nossa Pátria, o Céu nos espera.”

A síntese é poderosa: o cardeal descreve os meios terrenos da santidade (jeans, internet), enquanto Carlo revela o seu objetivo transcendente (o Infinito). A vida comum se torna santa quando é vivida com os pés no chão e o coração no Céu.

Conclusão: Onde está o Infinito na sua Rotina?

A vida de Carlo Acutis constrói uma ponte entre o sagrado e o cotidiano, mostrando que uma relação profunda com Deus floresce em meio à tecnologia e aos desafios da cultura moderna. Suas lições sobre disciplina digital, felicidade, fé e santidade acessível não são apenas ideias inspiradoras; são um roteiro prático para nos afastarmos de uma vida de "fotocópia" e abraçarmos o "original" que Deus sonhou para cada um de nós.

Se Carlo encontrou um caminho para o Infinito em meio a computadores e deveres de escola, onde podemos começar a encontrar o mesmo em nossa própria rotina?