Do mundo VUCA ao BANI - ambos pedem autonomia ONLIFE - #08


O excesso de liberdade é tão tóxico quanto a ausência da liberdade, diz o psicólogo americano Barry Schwartz, no seu livro “O paradoxo da escolha”.

Quando aumentam exponencialmente as opções de escolhas, aumentam também os níveis de ansiedade e estresse. Antes da Internet, se queríamos aprender algo, recorríamos às vozes de um dicionário em papel ou de uma enciclopédia ou de um livro específico. Pronto. Hoje, se queremos aprender algo ou comprar e comer algo, se queremos brincar ou trabalhar em algo, deparamo-nos com uma infinidade de opções e respostas no ambiente digital.
Segundo o antropólogo Jamais Cascio, da Universidade da Califórnia, autor do termo BANI, as lentes do mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) não são mais suficientes para interpretar os fatos da vida contemporânea.
Hoje, tevê e rádio não se enquadram mais no perfil do filho da cultura digital. Ele quer meios de comunicação personalizados, cada um com o seu próprio canal: no Youtube, no Instagram, no Facebook, no WhatsApp, no TikTok. Os filmes e seriados também são assistidos no tempo personalizado de cada pessoa: no Netflix, na Amazon Prime ou outras plataformas. Até mesmo aquela parte do jornal televisivo das 8 e meia da noite, que mais lhe agrada, é assistido no Youtube, no horário que melhor se adapta ao seu espaço e tempo.

O homem pré-digital, da era industrial, dos meios de comunicação de massa, contentava-se com produtos de massa, era bem menos exigente do que o homem de hoje, que pede sempre mais um produto ou serviço personalizado, customizado. Por exemplo, antes da internet, a gente se contentava com um rádio AM em nossa casa ou uma única tevê, preto e branco, sem controle remoto, para pais, filhos, netos e vizinhos assistirem juntos.
- Mundo frágil porque ele pode sucumbir a qualquer momento, pouco resistente e resiliente. Um vírus, uma instabilidade econômica, política ou qualquer outra ameaça desestrutura por completo o ecossistema. Mundo frágil porque as instituições - a família, a política, a religião, a escola - estão há tempo fragilizadas, não são mais referências valorais para o indivíduo da cultura digital, como eram até meados do século passado.

Diante desse cenário, cada vez mais personalizado e acelerado, o mundo VUCA - que se consolidou no fim da Guerra Fria na década de 80 - vai dando lugar para o mundo BANI, uma sigla que no inglês significa "frágil, ansioso, não-linear e incompreensível”. - Mundo da ansiedade porque nada sabemos do dia de amanhã. Antes, a pessoa entrava e morria em uma única profissão. Hoje, muda-se várias vezes ao longo da vida. O professor de hoje não sabe o que ensinar porque não sabe qual a nova profissão que surgirá antes do seu estudante concluir a faculdade. Ansiedade por viver em um mundo complexo, de muitas opções, de muitos atalhos, de muitas respostas.
Portanto, para sobreviver em um mundo BANI - frágil, ansioso, não-linear e incompreensível - é urgente e necessário robustecer a autonomia pessoal onlife e desenvolver as competências e habilidades socioemocionais. Vamos juntos, um passo por vez.
- Mundo Não-linear. Antes, as narrativas, as fontes de informação e conhecimento em mídias analógicas tinham um começo, meio e fim. Hoje, a filosofia das mídias digitais é caótica por natureza. Ao cairmos dentro do oceano digital, juntamos em pedaços aquilo que queremos construir, nada é linear. E aqui, quem não sabe para onde vai ou não sabe o que quer construir, nada construirá e nunca chegará a lugar nenhum. - Por essa razão, aumenta sempre mais o mundo da incompreensão e da incerteza. Ter muita informação, ter muitas respostas em um mundo líquido e complexo não significa ter uma compreensão lúcida da realidade. @talvacy
#Gotas de #Autonomia #Onlife

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