Retrospectiva 2019 e Felicitações de Ano Novo

O maior ganho intelectual consolidado neste ano de 2019: trocar o “achismo”, por uma cosmovisão científica provisória do atual mundo digital. Este conhecimento adquirido libertou-me parcialmente dos papos intoxicantes e polarizados, carregados de ódio, fundamentalismo, alienação, cegueira, arrogância, feitos por uma grande parcela do público, fora e dentro das redes digitais. 

Em 2019, com a conclusão de mais uma etapa acadêmica - tornando-me doutor em Ciências da Comunicação Social - passei a ter mais convicção do significado dos conceitos e das hipóteses levantadas sobre a revolução paradigmática em curso, provocada pela crescente expansão da cultura digital. 

A principal hipótese testada e aprovada no Estudo de Caso do doutorado foi comprovar que a prática da “autocomunicação” digital no ambiente acadêmico derrubou os muros das bibliotecas e universidades, dissolvendo as fronteiras do conhecimento que separavam o professor do aluno, emancipando, como nunca antes, a autonomia acadêmica dos estudantes. 

Se antes do digital, o conhecimento estava trancado dentro de um cofre de bronze, sob o comando e o controle de escolas, universidades, editoras, agora, com o digital, esse cofre foi liquidificado, “profanado”, o acesso ao saber foi universalizado nos “nós” da rede. Com isso, questionamo-nos: que sentido têm as “catedrais” do conhecimento em uma era em que todo o conhecimento já está acessível diretamente nas mãos das pessoas? A maioria das instituições ainda está ignorando essa realidade; outras têm clareza da revolução paradigmática em curso, porém continuam preservando os modelos convencionais; outras têm medo de ousar saltar para a filosofia da descentralização e da reintermediação, aquela que se consolidará nas próximas décadas. 

São as pontas - a garotada imersa na cultura digital - que forçarão a mudança. As velhas práticas acadêmicas serão pouco a pouco abandonadas ou ignoradas pela garotada. Assim como já caiu no gosto da garotada o uso do Waze, do Uber, do Airbnb, do ver filmes na hora o local que cada um deseja, da mesma forma, a garotada vai exigindo uma aprendizagem sempre mais wazerizada, uberizada, youtubada, cada um escolhendo os melhores professores ou tutoriais que mais se afinam aos seus perfis, aos seus horários, aos seus propósitos. Que sentido faz estudar um tema em uma sala com 50 alunos, com hora e local determinados por uma instituição, se cada aluno pode estudar o mesmo tema, na sua casa, no horário que desejar, com uma infinidade de professores e tutoriais disponíveis gratuitamente na rede? 

As instituições de ensino continuam com uma prática pedagógica, como se elas fossem as detentoras do saber. Assim como o audio não é mais prisioneiro da rádio; o vídeo, prisioneiro da tevê e do cinema; o dinheiro, prisioneiro do banco, o viajante, prisioneiro de táxi e de hotéis convencionais; o sagrado, prisioneiro das religiões, etc., da mesma forma, o conhecimento não é mais prisioneiro das instituições de ensino, ele está nos “nós” da rede, acessível por todos, em qualquer tempo e lugar. 

A maior alegria de 2019 

A conclusão do doutorado na UPS-Roma, em cotutela com a UFRN, foi a minha maior alegria no ano de 2019. Após muitas lutas e muita pesquisa, consegui alcançar o título de “Doutor” em Ciências da Comunicação Social, com foco em cultura digital, autonomia comunicativa digital e aprendizagem conectada. 

A origem do doutor. Um estudante do sítio Bartolomeu, município do Venha-Ver, filho de seu Abraão e dona Nuci. E este venhaverense obteve uma alegria adjunta. Na conclusão do doutorado, recebeu a Medalha da Universidade, em reconhecimento da excelência na qualidade do resultado final da pesquisa acadêmica, realizada entre 2016 a 2019. 


Mamãe em Roma 

Muita gente acompanhou e compartilhou da minha alegria. Algumas delas, estiveram presentes no dia da defesa do doutorado. Todas, pessoas queridas e amadas. Entre elas, ressalto a alegria de receber dona Nuci, minha mãe, em Roma. Mulher simples, da roça, mas, por causa do filho, foi capaz de cruzar o oceano, para testemunhar, torcer e festejar a nossa vitória. 

Em mamãe, papai estava presente e representado. Os dois são “um”. Os meus irmãos e sobrinhos me acompanharam do início ao fim. O apoio familiar é a “energia” que transforma qualquer sonho em realidade. Além dela, contei com a bravura de professores parceiros. Em Roma, destaco o amigo professor, padre Damásio, pe. Pasqualetti, professora Piccini. Na UFRN, destaco o heroísmo da professora Socorro Furtado e de modo muito especial, do professor instrutor aguerrido, Juciano Lacerda. Não há nenhum saber adquirido isoladamente. Tudo o que sabemos é fruto de uma rede de relações humanas. 

Ser padre com padre Chagas 

Neste ano de 2019, destaco no campo pastoral, a minha alegria de servir na paróquia de Apodi, na companhia amiga de padre Chagas. Ele foi e é um irmão. Acolheu-me com dignidade e amor sincero. Rezo e torço para que juntos possamos ser felizes, servindo ao querido povo de Deus. 

Ser professor na FCRN 

No campo da docência, compartilho minha alegria em voltar a ser professor na nossa Faculdade Católica do Rio Grande do Norte. Alegro-me também de ver o projeto da Faculdade de Comunicação da FCRN tomando corpo. O primeiro passo já foi consolidado, a criação da pós-graduação em Comunicação, Marketing e Mídias Sociais. 

Projeto do pós-doutorado aprovado 

No final deste ano, em novembro, tive a alegria de ter o projeto do pós-doutorado aprovado na UFRN. Farei uma análise do fenômeno da “descentralização” e da reintermediação no processo de aprendizagem dos estudantes do curso de fisioterapia da FCRN. 

Perspectivas para 2020 

No campo da pesquisa, defender o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de Licenciatura em Filosofia e concluir o pós-doutoramento em Ciências da Comunicação na UFRN. 

No campo da docência, começar no primeiro semestre a pós-graduação em inovação em Comunicação, Marketing e Mídias Digitais na FCRN. 

No campo eclesial, antes de tudo, estar mais presente na paróquia durante a semana e, segundo, auxiliar o pároco, pe. Chagas, com mais afinco, colaborando naquilo que estiver ao meu alcance. 

Meu Projeto (propósito) de Vida a médio e longo prazo 

Como padre: ajudar as pessoas a dar um sentido verdadeiro à VIDA, a partir das virtudes teologais: a Fé, Esperança e o Amor. 
Como professor/pesquisador: ajudar as pessoas a viver/sobreviver melhor na cultura digital emergente. 

Felicitações de Ano Novo 

A todos os meus familiares, amigos e amigas. A todos os estudantes, professores e pesquisadores que fizeram e fazem história comigo, desejo um estupendo e abençoado 2020. 
Realimentar os sonhos de cada um de vocês e determinar metas para realizá-los é o que gostaria de ver acontecendo ao longo do novo ano que se aproxima. 

A todos e todas, na vida, Esperança nos projetos e Amor, muito Amor nos propósitos abraçados. 

São os meus mais sinceros votos, 
Afetuosamente, 
@talvacy

Comentários

  1. Muito bom ler esse texto. Exemplo de humildade, determinação e compromisso com a pesquisa. O mundo precisa de pessoas como você. Parabéns!!

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