Quando a indignação superar o medo, Mossoró vencerá
Estou prevendo. Veremos, pela primeira vez na história de Mossoró, o maior percentual de votos nulos, brancos e
abstenções nas urnas de 4 de maio. Por onde ando, o sentimento de indignação e
de descrédito no sistema político atual é alarmante. Por que isso?
Porque o povo começa a perceber que, independente de onde venha a
vitória, o modelo de governança e as práticas viciosas e autocráticas continuarão
as mesmas.
Boa parte do eleitorado mossoroense está revelando o mesmo sentimento da
juventude que ocupou as ruas e praças do País nas manifestações de junho de
2013, ou seja, diante de tanta corrupção, impunidade, instabilidade, falta de transparência e,
sobretudo, candidatos nas mídias ridicularizando
o eleitor com promessas falsas e
estúpidas, o povo simplesmente pensa:
não acredito mais em vocês, vocês candidatos não nos enganam mais. Vocês são
ridículos, não suportamos ouvir tanto discurso demagógico; vocês não nos
representam!
Esse jeito obsoleto, autoritário e chantagista de fazer
campanha reflete a falência da democracia real e a permanência da autocracia
tecnicista, ou seja, de um grupo de pessoas tecnicamente preparadas (?) pra
administrar uma cidade (empresa), tendo os seus funcionários sob os seus pés,
fazendo deles seus súditos, assim como faziam os senhores de engenho até pouco
tempo atrás.
Esse modelo empresarial/autocrático de administrar reflete nas eleições quando, sob a ditadura do medo,
os servidores públicos, sobretudo os que têm cargos comissionados, após um dia
de trabalho, são coagidos a sair noite a dentro em caravanas pra fazer
campanha política pro seu patrão. Assim sempre foi e continua sendo.
Se o povo não se acordar, não honrar a sua liberdade e a sua
cidadania, demoraremos a ver a mudança que sonhamos. Enquanto houver
funcionário escravo do prefeito da cidade – prefeito que, no lugar de agir como um gestor
público, incorpora os mesmos hábitos de um patrão arrogante, ameaçador dos
direitos da liberdade de expressão dos servidores públicos – não haverá uma
nova gestão pública, nem, muito menos, uma nova democracia.
Não haverá mudança política sem destruir a cultura do medo
imposta pelos gestores públicos. Dizem eles: cuidado, você pode perder seu
emprego, é altamente perigoso votar noutro partido. Tenho sua vida nas minhas
mãos, tenho o poder de eliminar seu emprego, de deixar você na rua. Você é meu
subalterno.
O que esperar portanto de um sistema político assim? Isso é
ou não uma ditadura disfarçada? Como dizer por aí que vivemos numa democracia
quando se rouba a liberdade e o direito do eleitor escolher o seu candidato?
Pessoal, por medo de perder o meu emprego, eu, politicamente analfabeto,
votarei, se preciso for, no político mais mafioso do mundo. Assim pensa aquele
pobre pai de família que há anos dar de comida aos seus filhos com o suado salario
mínimo do prefeito.
Por causa do medo, subimos num pé de mandacaru sem perceber.
A emoção do medo é a mais potente no ser humano. Enquanto não nos libertarmos da
cultura do medo imposta pelas instituições atuais, entre elas, a política, não
teremos pessoas livres, cidadãos que escolham um gestor melhor pra cuidar da
gente.
Excelente comentário Talvacy... Parabéns!!!
ResponderExcluirO sentimento de indignação existe e se faz pertinente.
Paz e bem!!