Por que o padre abraçou a causa dos Guardas Civis formados?

Gente do "Todos por Mossoró?" anda incomodada porque o padre andou vestindo a camisa dos guardas civis concursados e que não vai arredar o pé enquanto as reivindicações dos mesmos não forem atendidos.

Outros perguntam, mas, por que o padre tá tão indignado assim?

Porque a prefeitura iludiu todos eles, enganou sem piedade, disse que todos trabalhariam após a formatura. Pura demagogia, como de práxis. Muitos são pais de família, desempregados, sem nada em casa, geladeira vazia, vivem de esmolas daqui e de acolá. Quadro humilhante e aberrante. O padre é testemunha.

As normas do concurso rezavam uma coisa, mas os chefes da prefeitura fantasiaram outra coisa, prometendo trabalho no mês seguinte. Assim, dezenas de jovens foram movidos pela esperança de um emprego concursado, com estabilidade financeira. A maioria deixou pra trás seus trabalhos, crendo numa vida mais digna para si e pra seus filhos.

Muitas tentativas de negociação foram frustradas até agora. Os guardas formados já cederam o máximo. Eles não reivindicam começar já neste mês, nem no próximo, o que seria justo e necessário, por causa da agressão psicológica feita durante o concurso, prometendo emprego no dia seguinte. Os guardas reivindicam da prefeitura o compromisso de garantir-lhes a convocação não amanhã, mas até o final do ano, pelo menos. 

Julierme Torres, porta voz da prefeita, usou o padre para intermediar a negociação. O padre desconfiou, desde o princípio. Depois de reunião aqui e ali, após o secretário de comunicação ter sentado com os guardas debaixo da barraca, montada de frente à casa da prefeita, de testemunhar o desespero de alguns pais que não têm sequer um danone na geladeira pra oferecer ao filho, que chora com fome, ou seja, depois de muito blá-blá-blá, a prefeitura revela total indiferença ao apelo do grupo: o de convocá-los até dezembro deste. 

Diante dessa atmosfera, alguns colegas acomodados se interrogam: E o que o padre tem haver com isso? Questionam por aí, nas rádios, nas ruas, nas redes. O lugar dele não é na Igreja, cuidando de suas ovelhas? 

O padre apenas tá se esforçando pra ser um seguidor de Jesus Cristo, somente isso. Jesus foi criticado e assassinado pelas autoridades porque não ficou preso no Templo, foi pras praças, becos e ruas restituir a dignidade ferida dos pobres, afrontando sem medo o sistema político da época. Jesus foi odiado e morto porque nunca compactuou e, muito menos, ficou calado diante da cultura mafiosa e autoritária que caracterizavam o Império Romano.

Hoje, o mesmo Jesus, representado na figura do Papa Francisco, faz o mesmo apelo a todos nós, padres e leigos: de sairmos da comodidade de nossas sacristias e irmos pro meu do povo para ouvir os anseios e os clamores de quem continua tendo sua dignidade agredida por um poder político ditador e desumano. 

A luta continua. A esperança também. Continuaremos acampados defronte à casa da prefeita na esperança de sensibilizar o coração de quem foi escolhida pra cuidar e respeitar, não para ditar e excluir. 

É estranho e antagônico. Se de um lado temos os guardas desempregados, ansiosos pra trabalhar, por outro lado, vivemos angustiados e inseguros por morarmos numa das cidades mais violentas do País. 

Queremos sensibilizar toda a sociedade mossoroense para abraçar juntos essa causa que é também a nossa causa. Pedimos solidariedade e apoio. Na internet, você pode colaborar assinando o pedido de nomeação dos guardas formados no  avvaz.

Eles reivindicam por trabalho, apenas, nós por mais segurança. Então, lutaremos unidos porque, como diz Zé Vicente, “sozinhos somos pó, juntos, somos rocha”.

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