"Eu ouvi o clamor do meu povo e vi a sua opressão"

O governo estadual está preocupado com "prejuízos" e não com a "salvação" das vítimas da seca. 

Nesta semana, Rosalba participou de uma reunião do Comitê Estadual de Combate aos Efeitos da Seca, segunda-feira, dia 4 de fevereiro, para fazer, mais uma vez, propaganda do irrelevante investimento em obras estruturais - cisternas, adutora e alguns poços – e, para lamentar o prejuízo no Estado, devido à seca, de 5 bilhões de reais. 


Para quem tem o mínimo de humanidade, em qualquer desastre, buscamos, em primeiro lugar, recuperar/salvar as vítimas, e não chorar pelos prejuízos do desastre.

"Eu ouvi o clamor do meu povo, eu vi o sofrimento no Egito". Moisés, obedecendo a Deus, salva o povo, tira da opressão e o liberta. O tesouro mais precioso para ele não era as casas e os bens deixados pra trás, no Egito, mas a salvação do seu povo que vivia na escravidão. 

A governadora na reunião denominou essa estiagem de "um colapso geral" quando ela disse que, segundo a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em algumas cidades, só choveu pouco assim, em 1912, ou seja, há mais de 100 anos.

Pergunto: se é verdade que Rosalba é consciente de que essa seca é "um colapso geral", já matou mais de 25% do rebanho do Estado (dados do Governo) e os agricultores estão desesperados, sem o mínimo necessário pra cuidar do resto que ainda sobrevive, por que o Estado não se compadece da dor da nossa gente? Por que não passa do discurso à prática e não coloca o aparato do Estado a serviço da salvação das vítimas da seca? O que ainda estão esperando? Morrer mais gente e mais animais? 


Nessa mesma reunião, estava presente o arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira. Na ocasião, ele pediu à governadora, objetividade e urgência no atendimento às vítimas da seca. 

"O agricultor precisa de ajuda quando não tiver o que colher. E o pecuarista necessita de ração, não pode deixar o gado morrer de fome. Isso é muito triste. É preciso criar mais subsídios", enfatizou Dom Jaime. 

Amanhã, a Igreja de Mossoró juntamente com as forças vivas dos movimentos sociais da região estaremos discutindo, às 9, no Centro de Treinamento, o "colapso geral", provocado pela maior estiagem das últimas décadas. 

Queremos juntar nossas vozes, unir nossos gritos, nossas propostas, nossas indignações e reivindicar do Governo do Estado mais ação e menos retórica. 

Fala-se que o Estado está investindo R$ 579 milhões em obras estruturantes e 90 milhões em ações emergenciais. Os agricultores do município do Venha Ver e de todo o Alto Oeste querem saber, concretamente, onde estão esses milhões, ou melhor, como converter esses milhões de reais em ração e água abundante no tanque dos animais e nas cisternas de suas casas. 


É impossível o agricultor conviver com a seca, se o Estado não garante estruturas sustentáveis e dignas. Essas ajudas que aparecem em período de seca, como, por exemplo, operação carro pipa, bolsa estiagem e outros, além de serem insuficientes, são humilhantes e excludentes. Quem mora no interior, sabe disso. Exemplo:

Tornou-se cultural e vergonhoso os arrumadinhos da politicagem no abastecimento d'agua nas pequenas cidades do interior. O carro pipa abastece as famílias que votaram no partido do prefeito, excluindo, quase sempre, os que fazem oposição ao sistema. É fato!


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