Entrevista na Radio Vaticano sobre a informação nas redes


Hoje à tarde, falei sobre a minha tese na Rádio Vaticano. Próxima quarta-feira, 27, será a defesa da mesma, cujo tema é "A informação digital através das redes sociais".

Aqui está disponível o áudio da entrevista. Foi uma conversa muito gostosa e descontraída em lingua portuguesa. Nos primeiros 5 minutos, o jornalista Silvoney fez perguntas a respeito da minha origem, minha cidade, família, vocação. Silvoney ficou muito curioso ao saber que o nome da minha cidade é Venha-Ver e prometeu de visitá-la. 

Mais do que um ambiente de informação, as redes sociais são um ambiente de relação e de conversação. As redes são pessoas interagindo com pessoas, por meios das mídias digitais (Twitter, Facebook, etc.). Assim sendo, se os órgãos de jornalismo não estão dispostos e preparados para escutar e dialogar com o povo da rede, poderão, pouco a pouco, diminuir a sua credibilidade e o objetivo de estar presente na própria rede. 

O cidadão das redes sociais não é o mesmo cidadão dos meios de comunicação de massa, do rádio e da televisão, que consume a informação de modo passivo. Na rede, boa parte do povo quer participar, quer interagir, e, portanto, quer ser escutado e valorizado. Se ele percebe que o jornalista usa a rede somente pra vender sua marca e divulgar seu produto (notícia), ele tenderá a escolher um outro jornal que tenha o mínimo de interação com os seus leitores.

A conclusão que chego no estudo que fiz, analisando três diferentes jornais estadunidenses, é que a maioria dos jornalistas usa as ferramentas digitais com a mesma cabeça de quando escrevia no jornal impresso. Muitos se sentem ainda o sacerdote da informação, longe do povo, como se a notícia fosse um produto exclusivo do jornalista. 

Na era da rede, a notícia não termina quando o jornalista publica seu artigo. O artigo publicado em rede é uma realidade líquida, fluida, em movimento. Portanto, ignorar os comentários dos leitores é um sinal explícito de que o jornalista continua usando a rede como extensão do modelo broadcast de comunicar (top down, de um para muitos).

O estudo que fiz, ou melhor, estou fazendo, não me deu respostas suficientes às minhas perguntas e ansiedades. Por isso, o desejo é latente de continuar estudando. 

Todavia, aprendi que todos nós estamos no mesmo barco, esforçando-nos pra fazer essa mudança do mundo analógico para o mundo digital. 

Aprendi que é muito mais fácil passar a usar as tecnologias digitais do que fazer a mudança mental para esse novo ambiente. 

Aprendi que a escola, o mercado, a Igreja e também o mundo do jornalismo ainda não se converteram o suficiente para viver com qualidade dentro desse novo continente das redes sociais.

Aprendi que estamos vivendo a fase das fantasias, do lúdico, do encantamento. Conhecemos o que é Twitter, Facebook, mas não sabemos nada do seu passado, ou seja, pouco sabemos quais são as bases filosóficas e teóricas da rede-mãe, da atmosfera que move o universo da sociedade-rede. 

Daí, talvez o fato de ainda vivermos com superficialidade e, muitas vezes, com preconceitos, essa nova cultura das redes sociais.

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