Silêncio: amanhã, o Papa na mensagem da Jornada Mundial das Comunicações Sociais


Basta passar um minuto em silêncio que alguém já chega perguntando: "você está bem?". No mundo do barulho, da explosão dos meios de comunicação dentro dos nossos lares, o  silêncio tornou-se, para muitos, sinônimo de  tristeza, de problema. Até pouco tempo atrás, era comum viver no silêncio, porque não havia, praticamente, nenhum meio de comunicação. Recordo que, o rádio, quando era criança, poucos possuíam, somente os agricultores mais destacados. Na cidade, a televisão já começava a ocupar espaço central na casa. 

Hoje, invés, tá tudo dominado. Quase já não existe mais espaço para o silêncio. Até mesmo quando nos deitamos, durante o dia ou à noite, pra dormir, ligamos a televisão ou o rádio. Os nativos digitais vão mais longe, levam juntos pra cama, o celular ou o computador portátil. 

Parece antítese, mas não é. Na jornada mundial das comunicações deste ano, o papa escolhe como tema central, o silêncio. Não, simplesmente, o silêncio que contrapõe aos rumores da cidade grande, bombardeada pelas novas tecnologias de comunicação, mas um silêncio que significa, antes de tudo, escutar com profundidade nós mesmos, a nossa consciência, pra depois escutar os outros.

Comentando o tema da jornada, eu escrevi no twitter, sábado passado, que o papa, este ano, nos convida a sabermos quem somos, em primeiro lugar, pra depois, sabermos que coisa queremos comunicar. Sabemos que as nossas palavras, nossos discursos, sem um mínimo de coerência com aquilo que somos ou acreditemos, não produz quase mais efeito.

Aqui, é preciso estar atento pra não interpretar o silêncio como sinônimo de medo, de omissão, ou seja, ficar calado diante de algumas decisões para não se comprometer com nada. Isso é muito comum entre nós, sobretudo, em situações onde impera a impunidade, a injustiça, o autoritarismo, a cumplicidade. 

O silêncio que o papa fala, conforme diz o comunicado, é aquele que nos leva ao aprofundamento da nossa identidade, da nossa espiritualidade, que, por sua vez, nos leva a discernir melhor nossas convicções e acolher com alegria a Palavra. Eu diria mais, o papa fala daquele silêncio do bom samaritano que vê, escuta e se sensibiliza com o sofrimento do homem caído, sem fazer pregação; do silêncio inquietador do próprio Jesus, culminando com aquele da cruz. 

Em sintonia com o sínodo do bispos, que acontecerá em outubro deste ano, o papa destaca a importância da comunicação autêntica, que reflete aquilo que somos, a nossa própria existência, os nossos próprios valores, o nosso testemunho de vida cristã. Para isso, o silêncio é fundamental para, antes de dizer algo, perguntarmos: quem somos? que coisa temos pra comunicar?
A mensagem da Jornada Mundial das Comunicações Sociais será publicada, como de costume, na festa São Francisco de Sales, patrono dos jornalistas, portanto, amanhã,  24 de Janeiro.

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