13 de dezembro: em Mossoró, Santa Luzia, na Europa, o Concílio


Hoje, 13 de dezembro de 1545, deu-se início o XIX Concílio Ecumênico da Igreja Católica na cidade de Trento, norte da Itália. 

Objetivo principal: Reforçar o símbolo (a primazia) da fé católica e extirpar as heresias e as inovações doutrinárias do protestantismo que se expandiam pela Europa.

Foi o concílio que reconfigurou aquilo que a Igreja é, hoje, enquanto hierarquia, dogmas, doutrinas, organização, etc. A prova da sua relevância é que, frequentemente, nas reformas atuais, retomam o adjetivo "tridentino". Para uma larga ala da Igreja, as reformas do concílio do século XVI continuam sendo mais relevantes do que as do concílio vaticano II.

Lutero foi peça chave para a convocação do concílio, conhecido, também, como o concílio da Contra Reforma. Embora sendo monge agostiniano, Lutero refutou publicamente o comércio que o vaticano fazia com a fé dos cristãos. O maior abuso era cobrar altas taxas dos fiéis para que a Igreja pudesse liberar as almas dos familiares defuntos do purgatório, ou seja, a salvação não era fruto da Graça de Deus, como defendia Lutero, mas, do dinheiro. As famosas 95 teses de Lutero tinham como denúncia principal, a venda abusiva das indulgências. 

Tudo bem, Lutero foi importante. Mas, olhando este evento, do ponto de vista da comunicação, diria que Gutenberg, com a invenção da prensa em 1440, foi o primeiro motor causador do concílio. Estava em jogo o fim do monopólio do saber e do acesso à bíblia. O primeiro libro a ser estampado em larga escala, não mais em latim, mas em Alemão, foi a bíblia. Até então, o povo era proibido de lê-la, muito menos, interpretá-la. Somente os sagrados (padres e bispos) tinham a liberdade de possuir a bíblia. Com a prensa, tudo muda. Não somente o mundo religioso, mas também o civil. Entre 1450 e 1500, só na Europa, já havia mais de 13 milhões de títulos de obras diversas, imprimidas pela nova tecnologia da época (o mainframe de então). 

Foi uma revolução - como predigam os estudiosos - não somente cultural e ideológica, mas antropológica. 

Para opor-se, então, à primavera das novas ideologias (renascimento, revoluções científicas, industriais, filosóficas, etc.) a Igreja foi obrigada a redefinir sua identidade, a fim de manter sua autonomia em um mundo que começava a respirar vias novas para enxergar e interpretar a realidade. 

Para isso, o concílio instituiu algumas reformas:

- reformulou o papel da hierarquia católica, 
- reformulou o valor do celibato clerical;
- a doutrina da graça e do pecado original, 
- a doutrina dos sacramentos, das relíquias, das indulgências; 
- o culto aos santos, 
- a criação de seminários nas dioceses; 
- a proibição de livros que falassem contra a igreja. O conhecido "Index Librorum Prohibiturum", 
- bem como, a ressignificação da "santa inquisição".
- entre outros.

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