Um pedaço escuro da minha infância


8 anos de padre. No dia 22 de novembro de 2003, fui ordenado na praça da Igreja de São Miguel. Milhares de paroquianos, amigos e familiares ouviram o meu “sim”. Não me arrependo da escolha feita. Com a Graça de Deus, continuo firme no meu ministério, embora essa firmeza não elimine as incertezas e questionamentos que acompanham a minha vocação. Aliás, questionar-me sobre quem sou, o que faço e muitas outras coisas fazem parte do meu cardápio diário. Considero tudo isso uma oração fundamental para o amadurecimento humano e espiritual.
Ontem, 22, um dia normal: missa na comunidade, almoço, bate-papo com alguns amigos na faculdade, uma visita à oculista pra ver como estão os olhos. Tudo tranquilo.
É cultural, no dia de aniversário, recordar os momentos bons que marcaram a nossa vida, fazer festas, etc. Sempre fiz isso. Mas, desta vez, quebro a tradição. Gostaria de recordar um curto período dentro da minha caminhada vocacional, que me marcou com tristes recordações, muitas delas, ainda, não apagadas.

Publicidade vocacional? Não sei.
Você adolescente ou jovem que deseja ser padre, sinta-se convidado pra participar dos encontros vocacionais no convento das irmãs em Uiraúna.
Assim rezava o padre de Uiraúna, quase toda sexta-feira, no seu programa radiofônico, pela Alto Piranhas de Cajazeiras.

O ouvinte, uma criança do sítio, ou talvez, já um adolescente, longe da cidade grande, sem nenhum contato com o mundo “civilizado”. Televisão, energia, nada disso. O único meio que ligava a gente com o mundo era o rádio que, por sinal, funcionava somente para ouvir as missas nos domingos, os programas religiosos, e, esporadicamente, escutar seu Mané da rural ou alguma cantoria. A pilha do rádio era cara, o dinheiro do pobre agricultor era pra comprar o café e açúcar, não pra gastos supérfluos.

Meus pais, descendentes de uma formação católica, patriarcal e conservadora. Assim, foram educados e doutrinados. Para eles, naquela época, o padre era a autoridade máxima, um ícone de santidade, aquele que guia as almas para o paraíso. Portanto, vale todo sacrifício pra poder reservar um lugarzinho lá. Na minha mentalidade, entrar na matriz de São Miguel era sentir o gostinho do paraíso. Sob o teto da Igreja, havia uma enorme figura do anjo Miguel esmagando a cabeça do diabo. Nos altares, os santos, os eleitos, aqueles que já gozam do paraíso. “Um dia, eu, também, quero ser um deles”, pensava eu, ao comtemplar as imagens dos santos, todos bonitinhos, com rostinho de anjos. Daí, nascia a “fé” pela qual, periodicamente, me motivava a andar à pé, 20 km, pra participar da missa na matriz da cidade, junto com a família.

Em meio a essa atmosfera doutrinária, receber de um vigário, através do rádio, o convite pra ser padre era algo inédito, mágico. Primeiro, pensavam meus pais, ser padre é coisa pra gente rica, precisa ter muito dinheiro e, segundo, o padre precisa ter dons celestiais, seria quase como um homem que caía pronto do céu. Portanto, inimaginável um menino, filho de um pobre agricultor, lá do sítio Bartolomeu, ser ordenado padre.
Todavia, os véus lentamente vão caindo. A realidade lúdica e paradisíaca que havia fantasiado o imaginário da minha infância, aos poucos, vai se dissolvendo.

Dois de uma só família
O poder persuasivo dos convites para ser padre que o vigário fazia, pelo rádio, conseguiu convencer dezenas de adolescentes dos municípios da redondeza do Uiraúna, todos eles, filhos de pobres agricultores.
Lá de casa, o padre conquistou dois adolescentes. O primeiro, Gilvany, uma criança, com apenas 12 anos de idade. Em seguida, após dois anos, vou eu.
- Deve obedecer o padre por tudo, fazer tudo o que ele pedir, bem direitinho, sem reclamar.
Esse e tantos outros conselhos ouvi dos meus pais, dias antes da viagem sem retorno.

O choque vocacional
Aqui, elenco alguns fatos, dentre tantos outros, que rolaram durante os anos de 92 e 93 em Uiraúna.
- O primeiro choque que tomei, ao ser recebido pelo padre, foi quando ele me disse que eu não iria morar no convento, junto com o meu irmão Gilvany e os demais “vocacionados”. “Sim senhor”, respondi cabisbaixo ao padre porque foi essa a orientação que recebi dos meus pais.

Para onde irei, então? A resposta do padre só veio após três dias. Até então, os colegas diziam que, provavelmente, eu iria morar na casa de uma das famílias ricas da cidade, ligadas à família do padre. O dia do comunicado chegou: eu fui escolhido pra morar na casa paroquial; outros colegas foram morar em casa de famílias ricas e os demais ficaram morando no convento.
Estando hospedado na casa paroquial – no silêncio infernal do meu quarto, amargurado de saudade dos pais e com raiva por não morar com o meu irmão, no convento – começava, então, a surgir um monte de perguntas.
- Como será feito o discernimento vocacional para ser padre?
- Quantas vezes, durante a semana, terei encontro com o padre ou alguém indicado por ele, para poder me ajudar a discernir com convicção esse meu desejo de ser um futuro padre?

Naquela época, para um adolescente da roça, com uma ideia de Igreja e de padre extremamente ingênua (ou poderia dizer, pura, angelical), sair de casa pra ser padre seria, na minha visão, abandonar a vida de trabalho, de sofrimento, e passar a ocupar-me somente das coisas de Deus, ou seja, eu pensava que iria viver com um pé dentro do paraíso, quase igual à sensação que eu tinha, quando criança, ao entrar na Igreja matriz de São Miguel.

Momento ápice do discernimento
Antes de descrever alguns dos trabalhos que um adolescente fazia, sob a vigilância do padre, responderei uma das perguntas que fiz acima.
Quanto à formação para o discernimento vocacional, o padre disse que, todos os sábados, faria um encontro com os “vocacionados”, no convento, às 10h da manhã. Resultado: não realizou um terço do prometido. E os poucos encontros que ele fez, duravam, uns dez, quinze minutos.

E qual era a orientação vocacional que ele dava? Quase nenhuma. Sentávamos no piso da calçada da creche do convento, ele falava de suas experiências pastorais e de seus discursos libertadores e, na segunda parte do encontro, era para saber o resultado dos trabalhos que tínhamos feito, ou seja, saber como está a roça do gado, as vacas de leite, etc. Ao concluir o relâmpago encontro, antes de sair na sua luxuosa F1000, ele impunha na nossa ingênua inocência de adolescentes, uma nova lista de trabalhos que, obrigatoriamente, deveríamos fazer, na semana seguinte.

Pedagogia vocacional
Aqui, elenco somente alguns dos trabalhos que eu, na época, um adolescente, e meus colegas “vocacionados” fazíamos, tudo, em vista do nosso discernimento vocacional:
- desleitar as vacas;
- cortar capim atolado nos esgotos que vinham das ruas;
- moer o capim na forrageira e carrega-lo para o curral do gado;
- alimentar os porcos. De onde vinha a comida? Saíamos nas casas dos ricos da cidade, cada um, com um tambor de 20 litros, sobre uma bicicleta. Aqui, recordo de algumas cenas humilhantes que sofri na casa dos ricaços, alguns deles, da família do padre. Recordo, também, quando o tambor, cheio de lavagem, caía no meio da rua. Na época, era um menino franzino, apenas tinha aprendido a pedalar bicicleta e, muitas vezes, não conseguia equilibrar-me com o peso da lavagem.
- limpar diariamente o muro da casa paroquial, aguar e zelar o jardim do padre e banhar semanalmente o seu cachorro.
- frequentemente, vigiar o gado do padre nas fazendas, localizadas nos sítios, em torno da cidade: na serra, curupaiti, sítio cruz;
- Na seca de 92, abastecer o convento e casa paroquial de água que transportávamos de poços cartesianos do sítio curupaiti.
- lavar os carros do padre, semanalmente;
- aguar dezenas de fruteiras no convento e boa parte do capim que alimentava as vacas de leite.
- Em alguns sábados, passávamos o dia limpando as roças de capim, palmas, etc. no sítio cruz;
- ...
A lista seria longa, mas paro por aqui. Depois, é claro, isso é apenas o que consegui lembrar, após vinte anos. 

Penso que os “vocacionados” que moravam fora do convento, como, por exemplo, eu, trabalhávamos mais duro do que aqueles que moravam no convento. Além de, diariamente, trabalhar pesado no convento, eu deveria suportar todos os trabalhos que a família do padre me pedia pra fazer. E aqui, recordo com tristeza alguns abusos de autoritarismo, ameaças, gritos, etc. que sofri dentro da casa paroquial de Uiraúna, tanto por parte do padre, como por parte da sua família. 
Se o único problema fosse o trabalho que eu fazia, não seria nada grave, pois, afinal, desde de criança, já tinha o hábito de trabalhar na companhia dos meus pais. Recordando hoje, o que mais me indigna, por exemplo, é lembrar dos momentos em que me senti humilhado pelo padre e pelos seus, sobretudo, por uma irmã de criação do mesmo, que também, morava na casa paroquial. 

Hoje, após quase vinte anos, quando me sinto menos estúpido, paro e me pergunto:
- Qual era a real intenção de padre Cleides? Acolher os “vocacionados” e prepara-los para ser padre ou fazer deles mão de obra para as suas necessidades?
- Como fica a consciência de um padre que, durante o dia, explora os pequenos e à noite, sobe no altar pra celebrar a eucaristia, fazer discursos libertadores, falar contra os políticos corruptos? Não seria corrupção também, sair na zonal rural do município, nas vésperas do dia da aleição municipal de 1992, com carradas de filtros, a fim de comprar o voto de um pobre por um filtro de água, alienando mais ainda a consciência dos inocentes, prática essa, feita pelo padre, com o objetivo de eleger o seu candidato a prefeito.
- Pergunto-me, por que não havia nenhum vocacionado, natural da cidade do Uiraúna, fazendo o discernimento vocacional no convento, participando, juntos, do nosso mesmo ritmo fatigoso de trabalho? E se havia alguns da cidade, por que não trabalhávamos juntos, visto que, aquela era a pedagogia escolhida pelo vigário, a fim de preparar os futuros padres?
- Será que ele fazia tudo isso consciente ou vivia sob um estado de alienação religiosa, alimentado por uma espiritualidade fundamentalista, que o deixava livre para impor fardos pesados nos ombros de inocentes?

Enfim, muitas outras perguntas vêm à tona. Em um livro, já em processo,  descreverei a minha história vocacional - não somente as noites tristes e escuras, que também são relevantes no caminho vocacional - mas, de modo especial, as alegrias, as amizades, e as inesquecíveis experiências que vivi ao longo da minha caminhada vocacional.

Comentários

  1. Nossa Pe. Talvacy, seu texto é realmente intrigante, por seus questionamentos, e ao mesmo tempo triste, pela realidade que ele expõe. Ainda assim, posso dizer com alegria que a vocação para o sacerdócio é algo tão bonito e tão maravilhoso, que, nem mesmo tendo vivenciado tanto sofrimento, você se arrepende da escolha feita. Ao contrario, diz "continuar firme"! São estes e outros depoimentos que me fazem acreditar ainda mais na força do amor de Deus e na graça que é tentar viver de acordo com o o que ele nos ensinou. Obrigada por tudo!

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  2. Muito comovente seu relato, não seria possível imaginar o quanto o senhor sofreu. Um absurdo, simplesmente exploração. Acredito que o senhor é um guerreiro,muito mais pela coragem de expor a humilhação e o abuso que vivenciou durante anos. Aqui fica minha indignação ao padre que feriu sua infância. Um abraço fraterno!

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  3. Obrigado Rejane. Diz o sociólogo espanhol Manuel Castells que nós somos todos filhos de covardes porque nas guerras existentes na história da humanidade, só escapou quem correu com medo da luta.

    Ele diz isso pra explicar que a emoção que mais aprisiona as pessoas é o medo. Nós temos medo do grande, da autoridade, consequência da figura patriarcal enraizada na nossa mente. Eu também tenho medo. Mas, talvez o fato de ter contado um pouquinho do absurdo que uma autoridade religiosa fez comigo, seja já um passo de superação do medo que me acovarda. Um grande abraço.

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  4. Parabéns Pe. Talvacy pela coragem em postar esse relato que emociona a todos que leem.
    Admiro-o cada vez mais!
    Ques Deus abençõe tua caminhada!

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  5. Vejo que vc não agia muito diferente do padre que vc citou quando era reitor do seminário... Teve um bom mestre, se vc foi ferido, pode ter certeza que feriu a muitos tb! Hipocrisia...

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  6. Dizia um professor meu que o lugar de uma carta anônima é a lixeira. Eu, ao contrário do professor, vejo que o anônimo também pode ser útil pra alguma coisa, desde que aja com respeito e consiga provocar um diálogo decente.
    Concordo com o anônimo acima. De fato errei muitas vezes no período em que estive à frente do seminário. Talvez, hoje, poderia agir com menos imaturidade. Penso que o anônimo também tenha razão ao fazer referência ao mestre que tive. Afinal, diz a psicologia, que todos nós carregamos algo daqueles que um dia foram referência na nossa história.
    Ficaria feliz se a gente pudesse continuar conversando sem o anonimato. Seria mais decente e mais proveitoso. Um abraço.

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  7. Talvacy, receba a minha solidariedade!

    Gostaria de Lembrar a vc um ponto fundamental, q acho q vc esqueceu. O Pe. Cleides pode ter feito qualquer tipo de coisa com a vossa pessoa, porém qdo vc expõe o fato num meio de comunicaçao com a inernet, não é a pessoa de Cleides q vc expõe e sim a IGREJA, pq poe ser PADRE e a representa. Aliás, ele recrutou a vossa pessoa para ser padre na IGREJA e vc confirma o seu discurso, a presença de Cleides é a presença da IGREJA.

    Então, amigo, qdo escrever tome cuidado para o tiro não sair pela culatra, ou seja, atingir a pessoa errada, pq na minha opinião, vc findou ofendendo a IGREJA

    pensei q nesse tempo de europa vc tivesse crescido...

    Coisas de foro íntimo se trata em foro íntimo...

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  8. Desde já, obrigado por participar do nosso bate-papo.
    Respondo primeiro ao anônimo acima quando ele pergunta sobre o objetivo do meu texto. Digo-lhe que o objetivo foi contar, com muita liberdade, a parte escura da minha vida (não de outro) nos dois anos que vivi em Uiraúna. A parte clara poderei lhe contar um dia, se lhe interessar, é claro.
    Depois, a expressão do anônimo "o passado é passado" é sinônimo de "amnésia social", que, na minha opinião, revela a cultura passiva e alienada do povo. Se olhamos o nosso passado, isso é compreensível. Porém, penso que nós, representantes do povo (na política, religião, etc.), deveríamos ser bem mais transparentes. Oxalá, um dia, cheguemos lá.

    Quanto ao caro Pedro Paulo, muito obrigado pelos conselhos, porém, não concordo com o seu raciocínio, que, por sinal, é idêntico ao do anônimo acima (mera coincidência). Ou seja, o fato de sermos padres, autoridades, etc., representantes de instituições religiosas ou civis, não deveria jamais impedir que falássemos a verdade dos fatos. É claro que, muitas vezes, o silêncio impera, mas, se fôssemos a Igreja de Jesus Cristo, falaríamos sem medo dos nossos erros a fim de sermos melhores e, portanto, bons fermentos do Reino. (perdão pela catequese, escapuliu)
    Depois, quanto ao seu pensamento se eu estou crescendo na Europa, diria que, no modo como vc desejaria que eu crescesse, não. Estou decrescendo de uma forma espantosa. E penso que esse meu decrescimento seja, não somente consequência dos meus estudos, mas também, de muita oração,
    Um abraço e obrigado pela participação neste simples espaço.

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  9. Pe Talvacy

    Pelo que percebo ou o senhor está muito maduro, ou está sendo você mesmo(Muito falso). Todas as palavras mencionadas no texto acima são expressão de mera hipocrisia (HYPOCRISIS).
    Já que está representando o menino sofrido, indefeso, que não teve infância, pois foi roubada pelo padre. Se fosse assim, porque não fez diferente quando reitor e nos obrigava, plantar em todo terreno do seminário e dizia que era formativo (éramos mais operários que seminaristas) Lembro-me das vezes que o senhor nos fazia acordar as 4 da manhã para recolher as cajaranas. E ainda tem coragem de falar do carro do Pe. Cleides, mas em nenhum momento faz menção que fez todos os seminaristas arrecadarem e contarem milhares de cupons fiscais, dizendo que ia comprar computadores para o seminário com o dinheiro arrecadado, onde na realidade juntou e comprou um carro para uso próprio,(já que os seminaristas em nenhum momento podiam usá-lo) frustrando a expectativa de cada seminarista que trabalhou com ardor, juntando nota por nota, de forma humilhante, implorando ao povo, para podermos ter melhores recursos de aprendizado no nosso seminário.
    Não vou relatar outros fatos, pois acho que estes já estão a altura dos que o senhor mesmo relata na merchandising que fez do seu futuro livro. Não sou mais seminarista, mas não sou um frustrado. Aprendi com o senhor que precisamos fazer diferente e que pessoas que apenas buscam interesses próprios, status e carreirismo fazem de tudo para estarem em foco.
    Não se esqueça que não apenas as coisa boas e bonitas ficam em evidência, pois o feio e o ridículo também chamam a atenção.
    Veja o que nos diz este trecho do evangelho de Mateus 7,3-5:
    E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?
    ***Hipócrita***, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.

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  10. Meu caro ex-seminarista não identificado, respeito sua liberdade de se esconder, embora fosse bem melhor conversar com alguém que tem uma identidade.
    Contudo, parabéns por ter a coragem (embora anônimo) de contar um pouco do seu sofrimento no seminário, durante o período em que fui reitor. Também fiz o mesmo como você, descrevi um pedaço da minha história vocacional. A grande diferença é que, pra contar isso, não me escondi. Contei no meu blog e, ainda mais, espalhei no twitter e facebook.
    Sugiro-lhe que faça o mesmo. Crie um blog (é grátis), identifique-se e descreva sem medo sua história vocacional. Quem disse que você é proibido de falar de você mesmo e daqueles que marcaram a sua história? Confesso que muita gente iria ler o seu blog e, se você me manda o endereço, irei lê-lo também com muita curiosidade.

    Como eu já disse acima, hoje, depois de ter aprendido mais um pouco, talvez evitaria cometer alguns erros. Somente os tolos não mudam e, muito menos, reconhecem que precisam melhorar a cada dia.

    Pra finalizar, somente dois esclarecimentos:
    - quanto à plantação no quintal, bem como, apanhar cajaranas, eu era o primeiro da fila, trabalhava com vocês;
    - quanto ao carro do seminário, recordo que, o que fiz foi trocar o velho por um novo e pra cobrir a diferença do preço, recorri à cúria, não aos copuns. Se tiver mais dúvida, identifique-se porque assim poderemos conversar melhor.

    Muito obrigado por me ajudar a rezar com o versículo bíblico citado. Confesso que, sempre quando o medito, faz um rebuliço danado na minha consciência porque, nem sempre, sou coerente com a minha identidade cristã.

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  11. Art. 5 inciso IV da Constituição Brasileira reza: É LIVRE a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
    Mesmo sabendo que é uma atitude anticonstitucional, respeito o conteúdo de qualquer anônimo neste meu blog, desde que tenha um teor discutível e baseado sobre fatos. Pena que os anônimos que me criticam, fazendo referência aquilo que eles chamam de "traumas de infância", eles mesmos se contradizem publicando conteúdos hostis, infundados e vulgar. Sei que é mais do que normal. Em uma rede de bilhões de pessoas conectadas, seria querer demais ver só santos por aqui. Assim é a sociedade, feito de humanos, não de divinos.

    Respondendo ao anônimo acima, se meu caro pensa que amar a Igreja é ignorar os nossos erros, esconder nossos atos e omissões, não criticar quando for preciso e por aí vai, então, me desculpe, irei continuar não amando a Igreja. Eu, invés, penso diversamente. Quando critico e falo das nossas burrices, enquanto Igreja, é pq a quero bem e espero vê-la sempre mais próxima daquilo sonhado por Jesus Cristo. Assim faz todo pai que ama e quer o melhor pro seu filho, o professor quando chama atenção de um aluno que não quer nada com a vida, etc.

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  12. Urubu,é que só enxerga a carniça.Penso que em Uirauna você não viveu só experiencias negativas, teria sido mais interessante contar experiencias edificantes. Não será muita ingratidão da sua parte? Conheço o padre do Uirauna e sei dos valores dos quais ele é portador. Um conselho: procure um orientador espiritual, talvez lhe fará muito bem nesse momento da sua vida. Não deixe as fantasias deste mundo subirem para sua cabeça e poluir o seu coração de "homem de Deus". Mantenha o olhar fixo em Jesus "ele tinha condições divinas mais não se apegou a sua igualdade com Deus. Ao contrario, esvaziou-se a si mesmo assumindo a condição de simples homem".

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  13. Caro anônimo, somos irmãos, mas pensamos e somos diferentes, essa é a beleza deste espaço. Escuta, somos filhos da cultura do coronelismo, do respeito absoluto às autoridades e ai, ai daqueles que revelam um tantinho assim das "carniças" deles. O Homem que busco seguir foi morto na cruz por causa das carniças deste mundo, por desvendar, sem medo, as podridões, as hipocrisias e as explorações que existiam dentro da religião do seu tempo. Se Jesus tivesse bebido dessa nossa mesma formação, que nos ensina a fazer continência diante da autoridade e fechar os olhos pro seus erros, ele não teria sido humilhado pelos padres e intelectuais da época, muito menos, sido crucificado, porém não teria realizado sua missão de revelar o Reino.
    Por isso, o contrário do que vc diz acima, é por fitar meus olhos Nele que falei abertamente das pedras encontradas durante os dois anos em Uiraúna. É verdade, também vivi momentos lindos, passei a amar mais a Igreja do povo, graças às experiências de comunidades vividas naqueles dois anos. No livro que estou escrevendo, descrevo muito bem sobre o lado belo vivido no Uiraúna, penso também de publicar no meu blog. Não nego o dinamismo pastoral de Cleides, sou pequeno demais diante da sua capacidade e do seu testemunho de pastor. Penso que o pouco de ousadia que tenho hoje, pra falar das incongruências entre nós, aprendi muito vendo a coragem profética de Cleides.
    O nó que me intriga é que, somos bravíssimos pra falar dos erros dos outros, da corrupção dos políticos, etc. mas, quando se trata dos nossos próprios erros, aqueles dentro da nossa casa, nem pensar, somos imaculados.
    Quanto ao orientador espiritual, tenho mais de um, e creio que eles estão me fazendo um bem danado, talvez um bem diferente daquele que a maioria espera.
    Fui longe demais no meu discurso hipócrita, como dizem meus leitores anônimos, mas tudo bem.
    Continuemos...

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