Uma liberdade de imprensa enferma

A ONU celebra hoje, 3 de maio, a Jornada Mundial da liberdade de imprensa. Nesta semana, iniciativas diversas são realizadas em muitos lugares do mundo: conferências, debates, manifestações, exposições, etc.
Em Roma, estão sendo promovidos alguns seminários e debates em comemoração ao dia da liberdade de imprensa. Acompanhei via internet uma conferência promovida pela UNESCO no Museu da Imprensa em Washington, cujo foco de discussão foi a função da internet para a liberdade de expressão, o crescente fenômeno das novas mídias, especialmente o fenômeno da produção e consumo de informação através das redes sociais.
A celebração do dia da liberdade de imprensa no mundo tem objetivos gerais comuns para alguns países e objetivos diversos para outros. Penso que seja mais que necessário rever, questionar e protestar a favor da garantia da liberdade de expressão.
Em 2010, somente uma em cada seis pessoas viveu em países com acesso a imprensa livre, revela a pesquisa feita pela Freedom House. Dos 196 países pesquisados, somente 35% estão na categoria dos países de imprensa livre.
O Brasil não entra na percentagem acima. Ele faz parte dos países considerados “parcialmente livre” que correspondem a 33%. Estamos bem longe de viver num país onde o cidadão possa usufruir ou produzir uma informação livre e independente. Os interesses econômicos das grandes empresas de comunicação desrespeitam o direito básico do cidadão, garantido na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Prega o artigo 19: cada indivíduo tem o direito à liberdade de opinião e de expressão, incluso o direito de não ser molestado pela sua própria opinião; o direito de receber e difundir informações e ideias através de qualquer meio de comunicação.
No continente americano, a percentagem dos países com acesso à uma imprensa livre é de 48%. Cuba, Honduras, México e Venezuela se encontram na lista dos países com menor liberdade de imprensa.
Mexico, devido sobretudo à corrupção e ao crime organizado nos últimos anos, saiu da categoria dos países “livres” para os “não livres.
Nos outros continentes, outros países também regrediram, como por exemplo, Costa de Marfim, Kuwait, Ruanda e Sri Lanka. A região do Norte da África e do Oriente Médio estão na lista daqueles que vivem a cultura da censura. A liberdade é praticamente extinta, não existe.
Em 2010, 66 jornalistas foram assassinados no mundo. As Américas e a Ásia foram os continentes com maior número. Américas com 20 e Ásia com 21 mortes.
Algumas razões do declínio da liberdade da imprensa, segundo a Freedom House, são:
- Muitos governos não se comprometem em reformar ou eliminar as leis que defendem a punição de jornalistas. Ao contrário, muitos continuam aplicando-as com grande determinação.
- A impunidade continua diante dos assassinos e outros crimes contra jornalistas. Isso faz com que os ataques continuem. O nível de violência física e psicológica apoiada diretamente ou indiretamente pelos governos contribui muito para o declínio da liberdade de imprensa.
- A abertura de fóruns de discussões em internet, para afrontar a informação de massa produzida pelos meios tradicionais, tem sido contestado e, muitas vezes, proibido pelos governos que mantêm o controle da Internet.
Não obstante vivermos ainda longe de uma livre imprensa, as novas tecnologias de comunicação nos oferecem oportunidades inéditas de opinar, ler e difundir informação. O tempo agora é de responder a lacuna informacional criada pela mídia tradicional através da participação e da inserção sem medo nas das diversas redes sociais. O futuro já chegou porque o presente somos nós.
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