WWW: um território de missão ignorado

Na Igreja, a maioria dos padres, bispos e fiéis em geral ainda ignoram ou duvidam do renascimento da nova era digital. Muitos continuam acreditando que a web é apenas um espaço de brincadeiras de jovens petulantes, vazios de valores culturais e morais.

Aqui reflete, então, o grande desafio da comunicação eclesial: primeiro, saber o que é a Web e a sua influência/importância na vida do cidadão, para depois poder começar a explorar esse planeta habitado (o mundo da rede) pela maioria dos destinatários da missão.

Crianças, jovens e adultos usam a Internet e seus aparatos para o estudo, o trabalho, divertimento, para se comunicarem e resolverem suas diversas atividades. A rede é, então, relação, é gente que interage, que forma seus grupos de interesses, de amizade, através das diversas plataformas – Facebook, Twitter, Orkut, ecc . Ignorar essa terra é excluir boa parte das pessoas que pertencem/são Igreja.

Hoje, na aula de Ética e deontologia, o professor manifestou, de forma veemente, a realidade obscura e incerta na qual vive o futuro profissional de comunicação eclesial.

Dentre de nós, ao confrontar com o universo comunicacional em mutação, inquietamente nos indagamos. Que tipo de profissional as faculdades de comunicação estão preparando? O aluno de hoje, ao concluir os estudos na área de comunicação, chega no seu campo de trabalho, com bagagem suficiente para se comunicar, usando criativamente as novas tecnologias? Não estariam as faculdades usando um modelo de ensino, uma estrutura comunicacional retrógrada, totalmente aquém do novo “ecossistema comunicativo”?

Alguns alunos durante a aula manifestaram suas angústias diante desse mundo digital que exige transformações mentais e culturais. Disseram eles: “nós não estaríamos pilotando um Boeing com uma carteira de habilitação de um carro da década de 50”? Ou “não estaríamos usando velhos mapas para descobrir novas terras?”

Sendo mais sincero. Não estariam os alunos com uma estrutural cognitiva, comunicacional 2.0 escutando angustiadamente lições de professores com uma estrutura mental, cultural 1.0?

Do ponto de vista operacional, o professor Maffeis na aula de hoje foi bem objetivo ao dizer que a Igreja é sempre a última a aprender e a fazer uso inteligente das novas tecnologias de comunicação.

Ao falar da nova lógica colaborativa, participativa, comunitária que caracteriza a identidade das redes sociais, o professor fez referência a um livro, cujo título é “Il dono al tempo di Internet” de Marco Aime e Anna Cossetta. Segundo Maffeis, o livro, ao afrontar a dinâmica horizontal, relacional e democrática da Internet, resgata os valores fundantes do evangelho, bem como as necessidades elementares do ser humano, isto é, o homem como um ser relacional, social.

Existe uma mantra muito utilizada pelos estudiosos da Internet que dentro da cultura das redes sócias, “você é o que você compartilha". Não seria então essa também uma mantra preciosa do evangelho/cristianismo?

Maffeis destacou que a nossa função principal é ajudar aos bispos e padres a entrarem nessa nova mentalidade comunicativa. Ele destacou que a Igreja deve encarar os novos meios de comunicação, não como uma ameaça, mas como dons de Deus. Investir na comunicação é um dos bens mais preciosos para a Igreja.

Disse Maffeis que, a Igreja ainda usa uma práxis comunicativa muito vertical, hierárquica, unidirecional, descendente e piramidal.

Não obstante à nossa resistência e lentidão para evangelizar nesse novo planeta www - ainda pouco explorado - o professor alertou que, já no início da década de 90, João Paulo II, no número 37 da “Redenptoris Missio”, proclamava em alto e bom som que ‘o primeiro território de missão é o mundo da comunicação’.

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