¨A crise não é minha, é do senado¨

Ontem, depois de assistir ao documetário histórico sobre o triste fim da II Segunda Guerra Mundial, fui curiar o site do senado para saber o resultado do discurso do Presidente da casa, José Sarney.

Escutei na íntegra o seu discurso e depois fiz algumas observações críticas. Primeiro, Confesso que a comoção que invadiu a minha alma ao escutar Sarney tomou um rumo totalmente diverso da que senti ao assistir a morte inocente de milhares de crianças, jovens e adultos em Heroshima.

O certo é que fui dormir com muitos questionamentos e, ainda, impressionado com os efeitos da bomba nuclear, veio à mente a idéia de fazer um paralelo entre a corrupção política no Brasil e as Bombas no Japão. Seria uma bela comparação com conseqüências semelhantes. Poderei fazê-lo  em breve, não agora.

Vamos ao discurso do homem. Começou como de práxis,  recordando os seus cinquenta anos na vida política e concluiu a primeira parte pedindo a imprensa nacional e a todos que honrassem a sua biografia.

É triste saber que o pensamento de Sarney ainda continua nos séculos passados onde o sistema político feudal controlava a imprensa, ditava o que poderia ser divulgado. Nenhum jornal ou rádio poderia falar dos abusos e das crueldades praticadas pelos coronéis. Hoje, graças à internet é impossível haver um controle total da comunicação. A não ser que o Brasil aplique o regime da democracia disfarçada do governo totalitário Hugo Chavez da Venezuela.

Ele ingenuamente,  se engana ao se referir que somente a imprensa nacional é a causadora das ¨inverdades¨ ditas sobre a sua vida política.

Os grandes jornais de circulação mundial revelaram ás claras os feitos vergonhosos de Sarney. Cito alguns, como a BBC News de Londres, New York Times, A Republica da Itália, CNN, etc.

Uma reportagem do Jornal americano New York Times, desta sexta-feira, afirma que os escândalos provocados pelas denúncias contra o presidente do senado nos últimos meses, ameaçam paralisar a política de desenvolvimento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Enquanto o mundo todo testemunha o Brasil como um dos países emergentes, exaltando a política do presidente Lula como modelo de governo para os países democráticos, Sarney invade a cena na imprensa internacional, sujando o país com a sua vergonhosa história política.

Com a internet e a liberdade de expressão é quase impossível esconder-se qualquer corrupção ou escândalos por muito tempo. Todo cidadão pode opinar, escrever, discordar, pesquisar. O senso de comunidade volta a se fortalecer com a internet. McLuhan, um dos grandes estudiosos da mídia, já dizia, no final do século, que as novas tecnologias transformariam o mundo em uma grande ¨aldeia global¨.

Diante disso, pergunto-me, por que respeitar a biografia de um homem político que tenta repassar no seu discurso uma lógica inversa, em que, o mau é o bom, o errado é o certo e sujo é o limpo? Ou melhor, o que significa o verbo ¨respeitar¨ para Sarney?

Vejamos mais. O relator da CPI da Petrobrás, Romero Jucá, afirmou que não quer investigar o museu da familía Sarney em São Luis para não atingir a imagem de Sarney. Isto é inconcebível. O Brasil inteiro já é sabedor do desvio de verbas destinados para a Fundação Sarney. Por que o cidadão brasileiro não tem o direito de saber o destino do seu dinheiro?

¨Nunca pratiquei atos menores¨, disse ele. Sarney repetiu continuamente a palavra ¨nunca¨. Por várias vezes disse que ¨a crise não é minha, é do senado¨. O discurso, no geral, identificou a fragilidade política do atual presidente. Não disse nada que nos convencesse ao contrário de tudo o que foi dito a seu respeito. Mostrou-se profunda insegurança e incapacidade de provar suas mentiras em verdades.

Creio que o cidadão brasileiro deve saber que Sarney é somente a ponta do iceberg da identidade política do país. Ele é o ícone dos políticos que invadem os cofres públicos, o dinheiro da saúde, da aposentadoria, da educação, etc.

Nós brasileiros, somos os principais culpados por tudo isso. Ou mudamos o nosso comportamento em relação à nossa participação ativa e responsável na sociedade, ou continuaremos sendo lesados e ridicularizados pelos políticos. É uma questão de atitudes.



Comentários

  1. A cultura impregnada na formação do povo brasileiro exclui o exercício da cidadania. A geração da cidadania política ainda está por vir.

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