Dom José Freire: um ano depois

Neste mesmo período, os primeiros dias de janeiro do ano passado, uma atmosfera de tristeza e esperança pairou na diocese de Mossoró. Os meios de comunicação traziam em primeira página: O bispo emérito de Mossoró sofre derrame cerebral e é internado na UTI do Hospital Wilson Rosado. Fiéis oram pela recuperação do grave quadro de saúde de Dom José Freire. 


"A família de Dom Freire já se encontra em Mossoró e pede ao povo que ore pela recuperação de nosso bispo emérito". 

Dom Mariano Manzana convoca, em nota oficial, todas as paróquias e comunidades para rezar pela saúde do bispo emérito. 

Esse foi o tenso clima vivido pelo povo de Santa Luzia, entre os dias 31 de dezembro de 2011 até a madrugada do dia 10 de janeiro de 2012. 

10 de janeiro de 2012 - LUTO 

Na mídia local e regional ecoava uma só voz: "Luto em Mossoró: Morre Dom José Freire, bispo emérito da diocese de Mossoró”. 

Governo do Estado envia nota de pesar pela morte de Dom Freire e a prefeita de Mossoró decreta luto oficial de três dias no município. 

Dos dias 10 e 11 de janeiro, todas as paróquias da diocese celebram missas pela Páscoa definitiva de Dom Freire. A CNBB (Conferência Nacional do Bispos do Brasil) e os bispos do Regional NEII também enviam notas de solidariedade e oração pela morte do emérito. 

Os conterrâneos de Dom Freire lotam a Igreja Matriz de Apodi para dar adeus ao bispo da terra, filho de seu José Freire de Oliveira e dona Francisca Celsa de Oliveira. 

Na Catedral de Santa Luzia, na missa de corpo presente, uma multidão compareceu para rezar, chorar e agradecer a Deus pelo grande homem e pastor do povo de Deus. 

A imprensa local colheu dezenas de depoimentos de pessoas que viveram e caminharam com Dom Freire. Alguns deles:

"Dom Freire era de uma organização extrema, muito amigo e próximo da família" disse Dona Terezinha, que sempre viveu e cuidou do emérito até o último momento". 

“A gente brincava lá no sítio, quando éramos criança, mas ele sempre dizia que ia ser padre”, revelou seu amigo de infância, Pedro de Cândida e completou: “ele sempre foi muito estudioso e era muito sério, as pessoas até achavam que ele era bravo, mas esse era o jeito dele, e sempre foi muito bondoso”. 

"Se sou bispo, devo isto a ele" disse Dom Mariano Manzana. "Dom José sempre contribuiu com os trabalhos da Igreja, mesmo depois que se afastou do bispado. Era um homem de oração", destacou o seu sucessor Dom Mariano. 

"O maior compromisso de Dom José foi sedimentar a catequese. Era um homem disciplinado, muito dedicado à Igreja", frisou Pe. Flávio Augusto. 

"Ele deixa na Igreja Católica de Mossoró a marca de um homem dedicado à oração e aos estudos" disse Monsenhor Hamilcar, contemporâneo de Dom Freire no seminário. 

"Dom Freire é da geração dos bispos militantes que abraçaram as inovações da Igreja Pós-Conciliar, tinha opções eclesiais claras e causas nobres. Ele, junto com outras brilhantes figuras, marcou a 'Era de Ouro' da Igreja no Brasil", destacou Talvacy no seu blog. 

Sem dúvida, todo mundo que o conheceu tem um depoimento pra fazer deste grande homem. Entre outras responsabilidades, dom Freire foi professor, diretor do colégio diocesano, reitor do seminário, capelão e coordenador da Comissão de Catequese da CNBB (Regional NEII). 

Por isso, no aniversário de um ano de falecimento de Dom Freire, Mossoró e região têm mil motivos pra fazer memória dos grandes feitos realizados pelo bispo apodiense. 

Na catedral, próxima quinta-feira, 10 de janeiro, às 17h, será presidida a missa de um ano de partida à casa paterna.

No contexto eclesial em que vivemos, é justo e salutar recordar a sua história, seu exemplo de vida, sua incansável missão na construção de uma Igreja mais libertadora, mais humana, solidária e sensível aos clamores do povo de Deus, especialmente, dos mais excluídos.

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