Por que um meio de comunicação quente é frio? McLuhan explica.
Para início de leitura, frisamos que pode haver uma inversão quanto à
compreensão dos conceitos “quente” e “frio”. Na percepção do Senso Comum, um
meio quente é aquele que requer mais feedback, mais interação. Uma música, por
exemplo, é quente, ao proporcionar mais movimento, exigindo do dançarino, mais
agitação. Já um meio frio ocorre de forma inversa: a pessoa não participa, não
se envolve. Pode dá-se, também, em uma comunicação linear, de cima para
baixo.
De acordo com McLuhan, um meio é quente, ao
apresentar alta definição, processando a mensagem de forma completa, sem haver
necessidade de nenhum esforço por parte do usuário. A título de ilustração,
podemos perceber que uma fotografia de alta definição se torna perfeita, visto
que processa o maior número de dados, enquanto que um desenho, ou uma
caricatura de baixa definição, fornece pouca informação, carecendo, assim, de
uma atenção dobrada da pessoa que visualiza um ou outra. Sobre os meios quentes
e frios, McLuhan ressalta que “Um meio quente permite menos
participação do que um frio: uma conferência envolve menos do que um seminário,
e um livro menos do que um diálogo… A forma quente exclui e a forma fria
inclui” (p. 39).
Seguindo esse viés, McLuhan cita outros
exemplos de meios quentes, quais sejam o alfabeto, a rádio e o cinema. Em
relação aos meios frios, apresenta, também, o telefone, a tevê, a fala e a
escrita hierográfica, considerando-se que são fornecidas lacunas para que o
usuário complete as informações, a fim de obter uma informação mais
acurada.
Dando continuidade, McLuhan discorre sobre a
invenção da imprensa, que, no Século XVI, aqueceu o meio da escrita, conduzindo
ao nacionalismo e às guerras religiosas. Dessa forma, a alta definição de um
meio produz a fragmentação ou a especialização: uma hierarquia feudal e
tribalizada entra em colapso, quando se defronta com qualquer meio quente do
tipo mecânico, uniforme e repetitivo. Por outro lado, a era da eletricidade,
diferentemente, contribuiu “para restaurar os padrões tribais de envolvimento
intenso… As tecnologias especializadas destribalizam. A tecnologia elétrica
retribaliza” (p. 40)
Outra comparação entre frio e quente que
McLuhan realiza é em relação aos países desenvolvidos e subdesenvolvidos - os
países ricos são quentes; os pobres, frios. No que tange às pessoas, destaca
que, aquela que dispõe de alta cultura é quente, ao passo que a rústica, do
interior, é fria. O referido autor ainda ressalta que, aplicar um meio quente,
como a rádio, a culturas frias ou não letradas, provoca um efeito
violento.
Tem
sentido, portanto, a
afirmação acima, haja vista que percebemos, com frequência, pessoas tomarem como verdade certas
informações, pelo
simples fato de terem sido comunicadas por uma autoridade, ou por um determinado jornalista: "É
verdade, saiu no rádio", diz, com
convicção, o cidadão não letrado. Tal situação acontece, também, com aqueles indivíduos fechados em suas verdades e nas verdades dos outros, dogmatizados, que não questionam suas percepções, nem as dos outros.
Concluindo,
as redes sociais digitais na percepção mcluana seriam um meio frio porque pede
alto grau de interação do usuário. Na rede, quanto mais participação, maior é o
volume de informação sobre o tema em questão. A cultura digital seria uma
expansão dos efeitos introduzidos pela era eletrônica, que chega retribalizando
a sociedade, transformando o mundo numa aldeia global, ou aldeias glocais, por
meio da criação de redes descentralizadas e envolventes.
As redes sociais digitais, pois, na percepção
mcluana seriam um meio frio, porque exigem um alto grau de interação do
usuário. Na rede, quanto mais participação, maior é o volume de informação
sobre o tema em questão. Assim, a cultura digital seria uma expansão dos
efeitos introduzidos pela era eletrônica, que chega retribalizando a sociedade,
transformando o mundo em uma aldeia global, ou aldeias glocais, por meio
da criação de redes descentralizadas e envolventes.
MCLUHAN Marshall. Os meios de comunicação
como extensões do homem (understanding media). São Paulo: Cultrix, 1964.
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