Retrospectiva 2015: o que de mais relevante levo na sacola da vida para 2016?
Diante de tanta aprendizagem que obtive, em 2015, o que destacaria como mais importante, no último dia do ano?
- Aprendi que a vida não vale a pena ser vivida, se conheço todo o mundo e não conheço a mim mesmo; que o silêncio reflexivo é a via mais segura que me leva a um encontro profundo e verdadeiro, com a essência dos mistérios que povoam a minha própria humanidade;
- Aprendi que o amor desapegado requer ousadia e que o desamor é covardia. Não importa a quem amamos, onde e quando amamos, o que vale é amar, antes que seja tarde demais;
- Aprendi que, na inédita era do conhecimento em rede, quando tudo está acessível a todos, ser ignorante é uma questão de escolha. Toda pessoa conectada pode pesquisar qualquer objeto ou fenômeno que interesse a ela, gratuitamente, sem sair do espaço onde se encontra;
- Aprendi que vivemos em bolhas viciosas - conceitos, dogmas, opiniões, relações, crendices, etc. - e feliz quem tem a coragem de estourá-las, diariamente, a fim de se recriarem e se alargarem sempre mais nossas percepções;
- Aprendi que o sentimento mais angustiante, que bloqueia e corta nossas assas, é o medo. O medo de si mesmo e do outro, o medo de errar, de se expor, de expressar sua própria opinião, de sonhar alto, de acreditar no impossível. Quem vence o medo, vence o mundo;
- Aprendi que navegar sem bússola faz sentido somente nas divagações feriais da vida; que não chegarei ao porto das minhas metas, se não sei a direção e as ferramentas necessárias para chegar ao destino planejado;
- Aprendi que querer dar resposta a tudo é um ato arrogante e medíocre e que toda resposta, mesmo sendo bem fundada, deve ser sempre acolhida no campo da dúvida;
- Aprendi que todo dogmatismo consciente ou inconsciente aliena o ser humano, o faz estúpido; que todo dogmático - mesmo se achando livre, no seu reduto ideológico e cultural - não pode ser considerado uma pessoa, de fato, livre, por está preso a certos códigos, impedindo, assim, de pensar com autonomia e de construir, sem amarras, uma personalidade própria;
- Aprendi, também, que é preciso coragem para pensar diferente do convencional rol cultural, relacional, religioso e político. Pensar diferente não causa apenas solidão, como dizia certo filósofo, mas também provoca ruptura e até afastamento de velhos amigos.
Religião
- Aprendi que muita gente faz da religião um meio para viver com liberdade, consciência e responsabilidade a sua missão no mundo. Que, bem diferente de ser “ópio do povo”, a religião é um ambiente de encontro libertador e verdadeiro do homem consigo mesmo, com o outro e com Deus;
- Aprendi que é necessário e urgente um “Vaticano II” na Comunicação Eclesial do Século XXI; que não faz sentido viver na atual cultura digital usando as mesmas estruturas mentais e comunicativas do Século XX; aprendi que a cultura digital não deve se converter à comunicação eclesial analógica, unidirecional, mas deve ocorrer um procedimento oposto: esta submeter-se àquela;
- Aprendi que, com a massificação das redes digitais, todas as organizações, dentre elas, a Igreja, vão se reinventar: passarão por transformações profundas. A descentralização é o estopim da revolução em curso. Na rede, todos podem acessar os livros sacros, doutrinais e devocionais, de qualquer lugar, sem pedir licença a nenhum centro. Logo, pouco sentido faz preservar estruturas físicas e cognitivas centralizadoras, com hierarquias rígidas, em uma cultura digital sempre mais descentralizada, fluida e horizontal;
- Aprendi que estudar o complexo mundo digital é o que há de mais relevante, para quem quer interagir e servir melhor às pessoas, que povoam as praças das mídias digitais;
Política
- Aprendi que a Política do “P” grande continuará sendo a principal promotora da dignidade e da liberdade humana, através do serviço à coisa pública e do cuidado com esta. Aprendi, também, que o sistema político vigente, independente do partido, está obsoleto, não representa a população, muito menos responde aos anseios básicos dela, por continuar usando velhos conceitos e viciosas práticas de séculos anteriores;
- Aprendi que democracia sem educação é falácia; que democracia sem cidadão consciente dos seus direitos e deveres é presa fácil para o populismo, fisiologismo, fanatismo e todo tipo de malandragem;
- Aprendi que “democracia” não é apenas um sistema de governo manipulado, muitas vezes, por grupos políticos autocráticos. Democracia é um estado de alma, um modo de vida. Antes de o político pertencer a um sistema democrático, ele precisa ter uma vocação política, sentir-se “consagrado” à missão, com o intuito de cuidar do povo, sem distinção, agindo com ética, amor e respeito.
Estudo
- Termino 2015, saindo de um certo pessimismo ingênuo, que carreguei durante anos, para uma percepção consciente e otimista dos avanços tecnológicos, por perceber a importância dos mesmos na aceleração da qualidade de vida do ser humano.
- Aprendi que, para o conhecimento acadêmico, não basta querer pesquisar um problema ou um fenômeno, se não me ancoro em teorias e correntes de pensadores que estudaram a fundo aquele problema/fenômeno. No tradicional modelo de ensino, as minhas teorias e pesquisas só terão validade, depois que passarem pelo crivo acadêmico;
- Aprendi que os pensadores da Escola Canadense de Comunicação, com destaque para McLuhan e Pierre Lévy, dispõem de lúcidas teorias que interpretam o complexo universo da cultura digital emergente. Assim, aprendi que as Revoluções Cognitivas e Tecnológicas são provocadoras das grandes mudanças paradigmáticas na História da Humanidade;
- Aprendi que, por trás de qualquer pensador, cientista, teólogo, escritor, há tecnologias cognitivas que lhes possibilitam a realização dos seus objetivos, seus valores, enfim, influenciam na formação integral do ser humano;
- Longe de entrar no rol dos tecnicistas e deterministas, aprendi que não entenderemos as revoluções culturais, sociais, políticas e econômicas, ao longo da História, nem muito menos o nosso Século XXI, sem conhecermos o motor cognitivo e tecnológico que se esconde por trás das grandes guinadas civilizacionais;
- A partir do polêmico conceito de que “O meio é a mensagem”, aprendi que não podemos pensar a cultura e o ser humano desvinculados das tecnologias. Independente do conteúdo ou do objeto que as tecnologias comunicam/transportam, elas são decisivas, por serem extensões do nosso sistema físico e nervoso.
- Não faz sentido, pois, pensar o homem, sem pensar nas tecnologias que o fazem humano. Diferente do que pensa o Senso Comum, as tecnologias nos humanizam. Aprendi que cada tecnologia tem o poder de influenciar nossos sentidos, nossa consciência e, portando, nosso modo de ser, de pensar, de rezar e de relacionar-se;
- Aprendi, através de cursos assessorados por Carlos Nepomuceno, que ter percepção da nossa percepção é um passo gigantesco na direção da autonomia dos nossos conceitos e da nossa própria identidade. Aprendi que, no balcão das percepções, não há verdades perenes, intocáveis, mas verdades provisórias, fluidas. Termos consciência disso, reduz nossa vergonha de expressarmos, publicamente, nossas ideias, teorias e curiosidades.
Enfim,
aprendi que “o que vale é o que importa”. Meu irmão José tem razão quando sempre repete essa frase, em tom de brincadeira. Hoje, para quem vive na “anarquia” da rede, afogado no mar informacional e relacional das mídias digitais, se salva quem realmente sabe o que é mais importante para sua vida, sua pesquisa, seus objetivos. Sem ter foco na área específica de interesse, cuidando para não se perder no complexo mundo de abstração que a rede oferece, dificilmente atingiremos, com êxito, nossa meta.
Gratidão!
Entrarei, em 2016, com um forte sentimento de gratidão a Deus pelas conquistas realizadas em 2015:
Gratidão a Deus pela missão assumida na Paróquia de Fátima, na Faculdade e nas Pastorais Sociais da Diocese. Muito obrigado a todos e a todas que fizeram parte da minha caminhada, ao longo do ano;
Gratidão a Deus pela minha família, porto seguro das minhas alegrias, esperanças e frustrações, pessoas com quem posso, sempre, contar e, nelas, confiar;
Gratidão pela Internet na minha vida. Sem ela, não teria alimentado parte de minhas relações, minhas amizades, meus estudos, meus trabalhos, minhas orações e meu entretenimento;
Gratidão aos meus amigos e às minhas amigas, de perto e de longe; ao meu amigo Cornélio, companheiro de missão e de residência. Gratidão a todas as forças vivas da Paróquia de Fátima, protagonistas do dinamismo pastoral nas comunidades, grupos e movimentos;
Gratidão aos professores, escritores, jornalistas que compartilharam, voluntariamente, suas informações e pesquisas; uma gratidão particular ao Professor e Pesquisador Carlos Nepomuceno. Devo a ele parte do meu interesse pelos estudos na área da cultura digital;
Gratidão aos queridos membros do Laboratório de Comunicação Digital Eclesial, por entenderem a relevância do tema e por compartilharmos, juntos, nossos estudos, nossos anseios e nossas curiosidades.
Que venha 2016:
- com saúde, paz e um abençoado inverno;
- com sentimentos puros de amor, perdão, amizade, justiça, solidariedade e respeito;
- com perseverança e foco nas metas;
- com desejo de continuar servindo e aprendendo;
- com relações novas, ideias novas, lugares novos, sempre aberto ao “novo”;
- disposto a mudar o que for preciso (percepções, crenças, ideologias, etc.) a fim de ser uma pessoa melhor e mais humana.
- enfim, que 2016 seja coberto de bênçãos celestiais para todos nós.
Um beijo de gratidão, amor e amizade no coração de cada um.
Obrigado 2015!
Bem-Vindo 2016!
�������������������� arrasou! �� Que venha uma abençoado 2016!
ResponderExcluir"Quem vence o medo, vence o mundo." Me identifiquei com esse trecho, já que em 2015 venci alguna medos e senti as portas se abrindo pra mim. Mas ainda tenho muito pra voar... e que em 2016 eu consiga vencer mais medos.
ResponderExcluirTexto muito bom, desejo pra vc um 2016 repleto de realizações e novos aprendizados. Abraço!
Amém, amigo.
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