Afinal, o que é comunicação?
Assemelha a querer encontrar uma definição justa para perguntas como: o que é vida? o que é a morte? Quem sou eu?, etc.
Comunicação é uma das atividades humanas que cada um a reconhece, mas poucos conseguem defini-la de modo abrangente.
Comunicação é falar com alguém, é televisão, é internet, é difundir informação, é o nosso estilo de cabelo, é o criticismo literário. A lista é infinita.
Fiske, no seu livro “Introduction to Communication Studies” ousando conceituar a palavra “comunicação”, parte dos seguintes pressupostos.
- Se eu assumo que toda comunicação envolve signos e códigos;
- Se eu assumo também que esses signos e códigos são transmitidos aos outros e que o transmitir ou receber signos/códigos/comunicação é a práxis das relações sociais;
- Se assumo que a comunicação é central na vida da nossa cultura e que sem ela, uma cultura de qualquer tipo morreria.
O livro de Fiske parte da idéia de que existem duas principais escolas no estudo da comunicação: a primeira vê a comunicação como transmissão de mensagens e a segunda vê a comunicação como produção e troca de sentido.
A primeira se interessa como emitentes e destinatários codificam e decodificam, como os transmissores usam os canais e os meios de comunicação. Se interessa de argumentos com eficiência e precisão.
A segunda escola – produção e troca de sentido – se interessa de como as mensagens e os textos interagem com as pessoas com o objetivo de produzir significados, isto é, interessa-se da função do texto na nossa cultura. Para essa escola a comunicação é o estudo do texto e da cultura. O principal método de estudo é a semiótica (a ciência dos signos e dos significados).
A definição de comunicação também tem funções diversas entre as duas escolas. A primeira – transmissão de mensagens – define interação social como um processo através do qual uma pessoa se relaciona com outra, influenciando seus comportamentos, os estados mentais, as relações emocionais de uma outra e vice-versa. A segunda – produção e troca de sentido – define interação social como algo que constitui o individuo como membro de uma particular cultura ou sociedade.
Para a semiotic school, a mensagem é uma construção de signos que, através da interação com os destinatários , produz sentido. Nessa lógica, o transmissor da mensagem diminui de importância, isto é, a relevância se volta ao texto e para como esse é lido. Ler, neste caso, é o processo de descoberta de significado que vem quando o leitor interage com o texto: o leitor pega aspectos da sua experiência cultural e a coloca em relação com os códigos e signos do texto. Basta somente observar como o mesmo evento, narrado por diversos jornais, é escrito de modo diverso, com tendências diversas. Assim, leitores com diversas experiências sociais ou culturais poderão encontrar diferentes significados no mesmo texto.
A mensagem, portanto, não é somente algo enviado de A a B, mas uma relação social estrutural, na qual existem outros elementos incluídos, isto é, realidade externa e a relação produtor/leitor. Assim sendo, a estrutura entre produção e leitura não é estática, mas uma prática dinâmica.
Fonte: Conceito extraído do livro "Introduction to Communication Studies" do britânico Jonh Fiske.
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